Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte

24/11/2016 - Cultura
Poeta Cruz e Sousa é homenageado
Interpretação de poemas do escritor marcaram a celebração pelos 155 anos de nascimento do poeta Catarinense.

foto/divulgação: Divulgação/Cleuse Soares

Poeta Cruz e SouSa é homenageado

“Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,  Ó ser humilde entre os humildes seres.  Embriagado, tonto dos prazeres, O mundo para ti foi negro e duro.(...)”.  O poema  “Vida Obscura “ do poeta Cruz e Sousa, fez parte das comemorações dos 155 anos de nascimento do poeta, celebrado nesta quinta(24).  A secretaria de Cultura e Fundação  Cultural Franklin Cascaes, participaram das homenagens prestadas para o poeta catarinense. Além dos poemas recitados pelo ator, produtor cultural e funcionário da Fundação, João Batista Costa, o JB, foram  colocadas flores em frente ao busto do poeta, que fica na praça XV de novembro, no centro da capital.  

 

Outro importante ato que marcou  a celebração,   foi o lançamento do projeto de lei estadual que reconhece simbolicamente João da Cruz e Sousa, como Promotor Públicio, ao direito que lhe foi negado em 1883.  A matéria  apresentada pelo deputado Estadual Dirceu Dresch, representa um  pedido de desculpas formais e o reconhecimento de Cruz e Sousa no empenho da promoção da justiça  no processo de libertação da escravidão, quando atuou como eloquente abolicionista, que fez com que o presidente da Província , na época, reconhecesse sua vocação para o cargo de promotor de Justiça, mas que por ser negro foi impedido de assumir o cargo.

 

Participaram das homenagens  o Procurador Geral da Justiça,  doutor Sandro José Neis,; Deputado Dirceu Dresch; a tenente Coronel e Secretaria da Academia de Letras Militares Estaduais, Edenice Fraga; o presidente da Fundação Franklin Cascaes André  Luiz Jesus dos Santos, Isolde Espindola, ex Superintendente de Patrimônio da União, a diplomata Tania Alberti e demais autoridades e representantes de entidades. Além do poema Vida Obscura, JB, também recitou O Assinalado, Senzala e Acrobata da Dor. 

 

CRUZ E SOUSA

João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis. Filho de escravos alforriados pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa, seria acolhido pelo Marechal e sua esposa como o filho que não tinham. Foi educado na melhor escola secundária da região, mas com a morte dos protetores foi obrigado a largar os estudos e trabalhar.

Sofre uma série de perseguições raciais, culminando com a proibição de assumir o cargo de promotor público em Laguna, por ser negro. Em 1890 vai para o Rio de Janeiro, onde entra em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Colabora em alguns jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de Missal e Broquéis (1893), só consegue arrumar um emprego miserável na Estrada de Ferro Central.

Casa-se com Gavita, também negra, com quem tem quatro filhos, dois dos quais vêm a falecer. Sua mulher enlouquece e passa vários períodos em hospitais psiquiátricos. O poeta contrai tuberculose e vai para a cidade mineira de Sítio se tratar. Morre aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão.


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