Secretaria Municipal de Educação

31/07/2015 - Educação
Floripa Letrada muda viagens de estudante
Eduardo Petry pega obras gratuitas das estantes do projeto para ler no caminho para a universidade

foto/divulgação: Lucas Zeferino

Eduardo é estudante de arquitetura na Universidade Federal de Santa Catarina.

“Antes, andar de ônibus era sinônimo de tempo perdido, de olhares vagos pela janela. Mas desde que começaram a funcionar as estantes do Floripa Letrada, a rotina de milhares de usuários do transporte coletivo mudou para melhor, inclusive a minha.” A colocação é de Eduardo Petry, 22 anos, estudante da Universidade Federal de Santa Catarina. Ele é uma das 370 mil pessoas que passam diariamente pelos terminais de ônibus onde está instalado o Projeto Floripa Letrada, da Prefeitura da Capital, que distribui gratuitamente livros e revistas para a população.

 

Morador de Biguaçu, pega dois ônibus para chegar à universidade. Primeiro, um que o leva até o Terminal de Integração do Centro, e depois, outro que o conduz até a UFSC. Por dia, ele passa aproximadamente duas horas no trânsito. Desde que conheceu o Floripa Letrada, dedica esse tempo à leitura, ao invés de acessar a internet através do celular. “Tem o momento para tudo. Eu utilizo bastante a internet, mas prefiro aplicar o tempo das viagens de ônibus em uma boa leitura”, conta.

 

Literatura brasileira e dramas históricos

 

Ironicamente, o estudante de arquitetura tomou gosto pela leitura na escola quando foi obrigado a mergulhar em “O Cortiço”, escrito por Aluísio Azevedo. O romance, de 1890, denuncia as péssimas condições de vida de pessoas de baixa renda que habitavam no Rio de Janeiro em uma espécie de casarão, um cortiço, que era subdividido e alugado.

 

Nas estantes do Floripa Letrada, espontaneamente, Eduardo entrou em contato com outra obra de Aluísio de Azevedo. Nas idas para a faculdade, ele leu “O Mulato”, lançado em 1881. O livro narra a história de Raimundo, mulato, filho de uma ex-escrava, que vai para a Europa ainda criança e anos depois volta para São Luís, no Maranhão. Ambientada no fim do século XIX, a obra traz uma crítica ao preconceito racial que o personagem principal se depara quando retorna para o Brasil.

 

Fã de dramas de época, Eduardo é eclético quando escolhe o que irá ler. Além de obras literárias, já pegou revistas, livros técnicos e didáticos e até mesmo jornais. Tem preferência por coisas leves, que possam ser finalizadas durante a viagem. “Quando não consigo terminar, levo para casa e devolvo quando volto para o terminal.”, conta o estudante, que também já deu sua contribuição para o aumento do acervo.

 

Acesso democrático à leitura

 

Eduardo elogia a forma como a iniciativa funciona. Para ele, o trunfo do projeto é a pluralidade e o fácil acesso gratuito à leitura. “A pessoa escolhe o que quer ler e não há aquele compromisso que se tem com bibliotecas, de se cadastrar. Não tem burocracia”. Ele destaca ainda: “seja um jornal, uma revista, ou um livro, em tudo há algo que é importante e vai acrescentar à cultura e ao lazer do leitor.”

 

O projeto

 

Desde 2010, o Floripa Letrada já distribuiu mais de 1 milhão e 300 mil livros e revistas à população da Grande Florianópolis. As obras ficam expostas em cinco terminais de ônibus. O projeto é da Secretaria de Educação da capital catarinense em parceria com a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana.

 

Leitura agradável

 

O objetivo é promover o acesso democrático e gratuito ao livro, incentivando e valorizando a leitura, estimulando novos leitores, divulgando os escritores catarinenses, tornando a viagem de ônibus mais aprazível, principalmente nos momentos de congestionamentos do trânsito.

 

A iniciativa conta com o apoio do Sindicato de Empresários de Ônibus (SETUF) e COTISA, que administra os terminais.

 

Cinco terminais em ação

 

Em 2015, o Terminal de Integração da Lagoa da Conceição,TILAG, passou a ser o quinto setor a receber o Floripa Letrada. O projeto já era realidade nos terminais do Centro, Rio Tavares, Trindade e em Canasvieiras. Trata-se do maior acervo democrático de obras do Brasil, oriundos de doações, que são disponibilizadas gratuitamente para a população.

 

Trânsito de pessoas nos terminais por dia

TICEN (Terminal de Integração do Centro) = 200 mil

TIRIO (Terminal de Integração do Rio Tavares) = 92 mil

TITRI (Terminal de Integração da Trindade) = 23.500

TICAN (Terminal de Integração de Canasvieiras) = 39.000

TILAG (Terminal de Integração da Lagoa da Conceição) = 15.500

TOTAL: 370.000


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