Secretaria Municipal de Educação

11/09/2014 - Educação
'Causos' do avô classificam aluna para competição
Júlia, 13 anos, da Escola Anísio Teixeira, participa de Olímpiada de Língua Portuguesa

foto/divulgação: Arquivo: EBM Professor Anísio Teixeira

Júlia de Souza

Na véspera do aniversário de 11 anos, a pequena Júlia recebe a notícia do falecimento do avô Joaquim, figura que nasceu em Paulo Lopes e veio, ainda jovem, para a Costeira do Pirajubaé. Ela e o avô eram confidentes. Ele adorava fazer relatos à Júlia de Souza sobre o bairro. “Eu amava sentar ao seu  lado e ouvir todos os causos sobre o povo local”, diz a estudante da Escola Básica Municipal Anísio Teixeira, estabelecimento instalado na Costeira.  


“Às vezes fico aqui a contemplar o pôr do sol, fecho meus olhos e deixo minha cabeça viajar por todas aquelas histórias que meu avô contava”. Júlia morava perto da casa do seu Joaquim e suas visitas eram frequentes, praticamente diárias. O avô paterno, bastante extrovertido, sempre se reunia com a neta e o restante dos familiares na sala e na cozinha de sua residência para contar suas histórias.


Inspirada nele, cujo apelido era “Tiquinca”,  a aluna do oitavo ano teve o seu texto  “Minha terra de berbigões”  selecionado para participar da etapa estadual da Olímpiada de Língua Portuguesa. Ela foi orientada pela professora Samara Gonçalves Ladeira.


Júlia participa da categoria Memórias Literárias com o tema “O lugar de onde vim”. No texto, relata as mudanças pelas quais o bairro passou, conforme seu avô Joaquim. “As histórias de meu avô traziam cheiros e sabores de nossa comida, do nosso pirão d'água, de nossos peixinhos fritos e do bom berbigão.” Seu Tiquinca morreu em 4 de dezembro de 2011.


Aos 13 anos, a estudante sempre apresentou gosto pela leitura e pela escrita, e tem boas notas na disciplina de Língua Portuguesa. Seu sonho? Seguir a carreira de jornalista.


A Olímpiada acontece a cada dois anos e é dividida em quatro categorias: Poemas (5º e 6º anos), Memórias (7º e 8º anos), Crônicas (9º anos e 1º anos do Ensino Médio) e Artigos de Opinião (2º e 3º anos do Ensino Médio).

 
O lugar de onde vim


Originalmente, o bairro Costeira do Pirajubaé era chamado de Pregibaé e era cheio de mangues e estradas de chão. As embarcações com peixes e camarões sempre passavam pelo bairro antes de chegar ao centro do antigo Desterro, atual Florianópolis. “Aqui não tinha nada de asfalto, não, isso foi coisa trazida pela modernidade. Era tudo tomado por mangue e estrada de barro. As pessoas vinham lá do sul da Ilha para chegar lá no mercadão central”, conta a estudante em seu texto.


“Meu avô disse que aqui, como fica na encosta do morro e é cercado pelo mar, sempre atracavam as embarcações que distribuíam peixes e camarões, e era uma festa só.” Como visto no relato do seu Joaquim, o local destacava-se pela cultura da pesca. A produção de cana-de–açúcar também era um marco do local, que chegou a ser considerado o lugar com maior quantidade de engenhos e moendas da Ilha de Santa Catarina. 


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