Secretaria Municipal de Educação

31/08/2018 - Educação
Prefeitura lança “Floripa Gol de Letra”
Por intermédio da EJA, jogadores de base do Avaí e Figueirense concluem o ensino fundamental

foto/divulgação: arquivo sme

O lançamento oficialmente do polo \'Floripa Gol de Letra\' ocorreu no gabinete do Prefeito Gean Loureiro

Com a presença do ministro do Esporte, Leandro Cruz, o prefeito Gean Loureiro e o secretário de Educação Maurício Fernandes Pereira lançaram oficialmente o “Floripa Gol de Letra”. Pela Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJA), o projeto permite que  atletas de futebol  do Figueirense e do Avaí, a partir dos 15 anos,  concluam o ensino fundamental.

 

A garotada azurra está tendo aulas, das 19h às 22h, na Escola Ildefonso Linhares, nos arredores do Estádio da Ressacada, no Sul da Ilha. Os alvinegros, também no horário noturno, estão no banco escolar na sede do clube, no Scarpelli, região continental.

 

O evento, que ocorreu nesta sexta-feira, no gabinete do prefeito, foi prestigiado pelo ex-craque e agora gerente de futebol do Figueira, Rodrigo Fernandes Valete, e pelo coordenador administrativo das categorias de base do Avaí, José Cordeiro Neto, o popular Coronel Neto.

 

Gol de Letra é uma expressão que na gíria do futebol caracteriza o gol em que o jogador trança as pernas, como quem faz a letra “X”, trocando de pé para chutar a bola.

 

“O esporte é muito bom, mas a educação tem que estar trilhando ao lado”, expõe o ex-jogador Fernandes. Já o Coronel Neto diz que as pessoas se arrependem de duas coisas na vida: “de deixar de trabalhar e de deixar de estudar. Por isso a importância da EJA”.

 

Estar preparado para alternativas

 

Depois das categorias de base, caso o atleta não seja selecionado para a equipe principal, ou acolhido em outra equipe, terá que parar de jogar. Muitos acabam em subempregos. Está aí um grande motivo para frequentar a EJA, alerta o prefeito. “O jovem deve estar preparado para ter alternativas fora e além do mundo do futebol”, salienta Gean Loureiro.

 

O diploma do ensino fundamental incentivará o jovem, acredita o prefeito, a ingressar no ensino médio. “Cada diploma funciona como uma espécie de credencial para facilitar a recolocação profissional”, explica. “Mudar a realidade, a vida das pessoas para melhor. Esse é o grande objetivo da EJA”.

 

Educação para todas as pessoas


A frequência na escola não deve ser encarada como uma obrigação ou cobrança. Mas como um direito, como inclusão, frisa o secretário de Educação, Maurício Fernandes Pereira. “A educação deve fazer parte da formação de todas as pessoas”.

 

"Um governo faz a diferença quando aposta em educação. E isso é o que a PMF está fazendo", completa o secretário adjunto Luciano Formighieri.

 

Os garotos acreditam que nasceram para serem jogadores profissionais. Querem enriquecer, melhorar a situação financeira de suas famílias e atuar pela seleção brasileira de futebol. Entram nas categorias de base de um clube e são submetidos a treinamentos semelhantes àqueles dos profissionais, com uma carga horária de dedicação de adultos, discorre o ministro do Esporte. A tendência é pensar mais na bola do que nos estudos. “A EJA vai cumprir um papel primordial na vida desses garotos”, diz Leandro Cruz.

 

Aberto à comunidade

 

O projeto não se restringe a pessoas dos clubes de futebol. Está aberto para membros da comunidade em qualquer período do ano, um diferencial da EJA. É só se dirigirem aos locais de aula.

 

Na região continental, podem se inscrever moradores do Estreito, Jardim Atlântico, Coloninha, Capoeiras e Monte Cristo. Quem reside no Carianos e Tapera, no Sul da Ilha, pode também finalizar o segundo segmento do ensino fundamental (6º ao 9º ano). Para outras informações, é só ligar para  3212-0925.

 

Avaí: um futuro com a educação

 

Lucas da Costa Boneti tem 16 anos e é natural de Porto Alegre. É atacante titular da equipe sub-17 do Avaí, mas no momento não está jogando pois está machucado. Ele também já atuou pelo Internacional da capital gaúcha  por seis anos. Para ele, que parou de estudar no 7º ano, a metodologia da EJA permite que os estudantes se sintam mais confiantes para se expressarem. "O projeto gera várias oportunidades quando muitos acham que é perda de tempo", completa.

 

Figueira: com tempo para estudar

 

Shaymon Ricardo de Souza, jogador do Figueirense,  tem 15 anos . Ele, que é atacante do time sub-17, conta que como treinava de manhã e frequentava a escola regular à tarde, era difícil encontrar tempo para estudar. Agora, com a EJA, estuda à noite e ainda sobra um tempo. "É importante terminar os estudos, pois se não for jogador de futebol, tenho outras chances", comenta.

 

Meia-atacante do sub-17 do Figueira, Gustavo Ewerton Borges Ferreira tem 17 anos e também  está concluindo o ensino fundamental pela EJA. Para o atleta, a metodologia de ensino é muito interessante, pois ele, jogador,  pode trabalhar e pesquisar os assuntos que lhe interessam. Com o colega Shaymon, por exemplo, gostam de pesquisar sobre futebol.

 

Davi Costa Dantas dos Santos tem 16 anos e é zagueiro. Natural de Salvador, parou de estudar no 7º ano. Joga profissionalmente há seis anos e no Figueirense há seis meses. Ele afirma que prefere estudar na EJA porque acha que aprende muito melhor do que aprendia na escola regular. “O ensino é mais eficaz e o ambiente também”, relata.

 

Natural de Salvador, Rian Bonfim Santana tem 17 anos e joga na posição de meia-atacante no Figueirense há seis meses. Parou de estudar na 4ª série e acha igualmente que aprende muito mais com o método da EJA.

 

Método da  EJA

 

O modelo pedagógico da EJA, da Prefeitura de Florianópolis, leva em consideração o interesse do educando e sua trajetória de vida. A proposta está pautada na ideia de que é possível aprender a partir da busca pelo conhecimento. Legitima as perguntas realizadas pelos estudantes nas pesquisas desenvolvidas individualmente ou em grupo. Essas indagações são expressas por meio de problemáticas que se configuram como unidades de planejamento.

 

Os conteúdos são tanto decorrentes das habilidades e competências, como ler, escrever, calcular, comparar e resumir.

 

Natal Dias Araújo, coordenador do Núcleo Sul I da EJA, enfatiza que os alunos-atletas terão possibilidades de conceber pesquisas ligadas ao mundo do esporte e afins. “Isso fará com que os estudantes lidem dentro da sala de aula com a realidade futebolística”.

 

As consequências de parar de estudar

 

Para o escritor Élio Carravetta, a interrupção das atividades escolares dos atletas traz uma série de consequências. Uma delas diz respeito à limitação de visão de mundo, cidadania e senso de lógica. Provoca reduções nos processos de análise das informações, no desenvolvimento da capacidade de compreensão e nos mecanismos de comunicação.

 

As informações estão no livro dele “Modernização na gestão do futebol brasileiro: perspectivas para a qualificação do rendimento competitivo” (Porto Alegre, Editora AGE, 2006). Élio é especialista em Ciência do Esporte, mestre em Métodos e Técnicas de Ensino e doutor em Filosofia da Ciência da Educação.

 

 

Núcleo EJA Figueirense

Local: Estádio Orlando Scarpelli - R. Humaitá, 194 - Estreito

Horário de atendimento: 19h às 22h 

Número de jogadores matriculados: 5

Número total de matriculados no núcleo: 25

 

Núcleo EJA Avaí

Local: Escola Estadual  Ildefonso Linhares - R. Ver. Osvaldo Bittencourt, 206 - Carianos 

Horário de atendimento: 19h às 22h

Número de jogadores matriculados: 12

Número total de matriculados no núcleo: 26


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