FLORAM - Fundação Municipal do Meio Ambiente

15/12/2009 - Meio Ambiente
Pesca Predatória em Unidades de Conservação irrita Basso
A Pesca Predatória também acontece nas unidades de conservação de Florianópolis. Mais ações da Floram vem coibindo as ações de criminosos.

foto/divulgação: Jorge Campos

Lagoa do Peri vem sendo monitorada diariamente no Periodo do Defeso.

A Gerência de Fiscalização da Floram, atendendo determinação do Diretor Superintendente Gerson Basso, vem realizando blitz de vistoria na localidade da Lagoa do Peri  visando reprimir a pesca predatória, na época do defeso.  Existem aprendidas hoje na sede do Parque  cerca de dez redes e mais de 20 tarrafas,alerta Basso. "Pesca predatória é aquela que retira do meio ambiente, mais do que ele consegue repor, diminuindo a população de peixes e mesmo de plantas do ecossistema",informa.

 Segundo o portal Vivaterra.org.br, que trata com conhecimento do assunto, a pesca predatória tem consequências desastrosas, podendo limitar a produtividade pesqueira, quer seja do ponto de vista biológico, quer econômico. Dentre as atividades realizadas de forma ilegal, destacam-se:

- Pesca com bomba - considerada de alto valor destrutivo, afetando a fauna, a flora e o substrato de fundo.

- Pesca com rede de malha fina - um dos maiores problemas é o uso de redes com malha menor do que o permitido. Com isso, captura-se seres muito jovens, que muitas vezes acabam servindo apenas de isca para capturar espécies maiores, ou simplesmente são descartados. Esta prática leva, inevitavelmente, à escassez de peixes e, a longo prazo, à extinção de várias espécies, pois quando capturados muito jovens ainda não tiveram a oportunidade de reproduzir-se.

- Pesca do camarão com rede de arrasto - utilização de extensas redes que ao serem puxadas entre dois barcos pesqueiros (parelhas) varrem o fundo do mar. É uma prática extremamente nociva à biodiversidade marinha, pois a rede revolve o substrato e arrasta tudo que encontra pela frente, destruindo o habitat daquelas espécies que vivem no leito oceânico e coletando um excesso de animais que acabam sendo desprezados, por não possuírem valor comercial.

 - Pesca em época proibida (defeso) - o IBAMA proíbe na costa brasileira, anualmente, o exercício da pesca de animais como a sardinha, a lagosta, o camarão e o caranguejo. É nesses períodos que ocorre sua reprodução. A pesca realizada nessa época captura as fêmeas ovadas. O defeso foi criado justamente para permitir a reprodução da espécie em questão.

- Pesca da lagosta com redes

- Pesca com cloro, água sanitária ou venenos

- Pesca seletiva com descarte - algumas modalidades de pesca são refinadamente seletivas e altamente predatórias. Captura-se o animal para obter uma pequena porção de seu corpo, descartando a maior parte de sua estrutura física no próprio local da pesca. Isso ocorre com os caranguejos com redes de saco (redinha), para a retirada das patolas, e com os cações, para a retirada das barbatanas.

 

Presente desde o período colonial, a pesca é uma das atividades mais antigas práticas no Brasil, representando, ainda hoje, um forte papel sócio-cultural. A coleta manual de mariscos, siris e caranguejos, realizados na maioria das vezes por mulheres, é a principal fonte de subsistência das famílias em regiões litorâneas brasileiras.

 

Apesar da pesca ser uma das atividades mais antigas desenvolvidas pelo homem, parece que o tempo de prática ainda não foi suficiente para evitar que ela seja realizada de forma predatória. Levantamentos recentes indicam que hoje a captura indiscriminada mata e desperdiça entre 18 e 40 milhões de toneladas de peixes, tartarugas e mamíferos marinhos todos os anos, o que representa nada mais nada menos do que cerca de um terço de toda a pesca mundial.

A pesca é caracterizada como ilegal quando praticada em regiões previamente marcadas com restrição de um órgão competente. Também pode ser considerada ilegal se for feita com o uso de explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante a substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente. 

Um exemplo de como a pesca controlada e consciente pode trazer benefícios econômicos, sociais e ambientais é o que vem ocorrendo há décadas nos Estados Unidos e Canadá. Na América do Norte a pesca esportiva já é um grande negócio. O número de empregos mantidos pela pesca recreativa nos EUA atinge a cifra de 1,2 milhão de pessoas, porém o número de empregos mantidos pela pesca comercial é de apenas 170.000. Enquanto o preço médio de uma captura comercial em um país como o Canadá gira em torno de $ 28 cents/lb, na pesca esportiva os dividendos por libra de peixe devolvido ao seu habitat são incalculáveis. Segundo o National Survey of Fishing, o faturamento anual com o turismo da pesca esportiva nos EUA ultrapassa $70 bilhões de dólares, gastos na compra de equipamentos, barcos, estadia em hotéis, licenças de pesca e cobrança de impostos. Para que tudo isso funcione direito, existe o respeito, a fiscalização rígida e um eficiente controle dos estoques.

O Brasil poderia reverter rapidamente a situação e começar uma boa estratégia de combate à pesca predatória apenas controlando o mercado comprador e consumidor. Conscientizar a população e impedir, nas feiras e nos mercados, a compra de exemplares capturados abaixo do tamanho mínimo permitido por lei e das espécies ameaçadas, é uma maneira de reduzir drasticamente um problema que só nos traz angústia e aflição. A repressão, legítima e necessária, aos pequenos compradores e aos grandes atacadistas, todos considerados co-responsáveis pela predação, seria outra excelente sugestão.

Ao invés de tentar encontrar uma solução de longo prazo para esses problemas, a indústria pesqueira voltou seus olhos para o Pacífico e os governantes continuam ignorando os avisos dos cientistas sobre como essas áreas de pesca poderiam ser administradas e a necessidade de pescar tais espécies de maneira sustentável.