Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes

27/08/2014 - Cultura
Festa da Cultura Açoriana recebeu 35 mil visitantes
Realizado com sucesso em Florianópolis, no último final de semana, Açor terá nova edição em 2015

foto/divulgação: Dieve Oehme

Festa divulgou cultura açoriana na Capital

A próxima edição do Açor - Festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina será sediada em Bombinhas. O nome da cidade que vai organizar a festa em 2015 foi confirmado na 21ª edição do evento, em Florianópolis, com a presença dos prefeitos dos dois municípios, Cesar Souza Junior e Ana Paula da Silva. O Açor 2014, realizado no último final de semana, no distrito de Santo Antônio de Lisboa, recebeu 35 mil visitantes em três dias. “Foi um dos maiores registros de público nessas duas décadas”, comemorou o Secretário de Cultura Luiz Moukarzel, coordenador local da festa.

 

Embora Florianópolis tenha esperado 20 anos para sediar o evento, Moukarzel avalia que a primeira participação do município foi muito positiva. “O cenário era lindo, o tempo ajudou e a comunidade de Santo Antônio de Lisboa acolheu a festa de uma maneira surpreendente. Foi um sucesso”, afirmou, parabenizando a equipe que trabalhou no projeto, realizado em parceria com o Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina.

 

Joi Cletison, diretor do NEA/UFSC, também ficou feliz com os resultados.  “É um evento diferente, feito para a comunidade, para a família”, explicou. Ele destacou o trabalho realizado nas escolas da rede municipal, as parcerias e o engajamento dos municípios participantes, assim como dos moradores de Santo Antônio de Lisboa. “O antropólogo Eugênio Lacerda diz que o Açor é uma festa de visitação. Isso foi comprovado aqui. Muitas comitivas vieram pra Florianópolis. Só de Bombinhas eram 300 pessoas. No desfile havia 900 participantes de grupos de vários municípios. Eu esperava um grande público na festa, mas ela surpreendeu”, comentou o historiador. 

 

Os preparativos para a 22ª edição já começaram. A Fundação Municipal de Cultura de Bombinhas, junto com o NEA/UFSC, pretende realizar encontros culturais mensais para mobilizar a população da cidade, que tem quase 15 mil habitantes. “Vamos ter que fazer uma festa ainda mais bonita que Florianópolis”, afirmou a prefeita Ana Paula em visita ao 21º Açor, na Capital.  

 

O Açor em Florianópolis

 

Quem visitou a comunidade de Santo Antônio de Lisboa durante a festa teve a oportunidade de apreciar o que há de mais autêntico e original na cultura de base açoriana, representativa dos 25 municípios que participaram desta edição.  Na programação do evento foram apresentadas 71 atrações culturais, entre danças folclóricas e shows musicais.

 

O público também pôde conferir exposições de artesanato de referência cultural, lançamento de livros, exibição de filmes e apresentação de diversas manifestações tradicionais nos 46 estandes distribuídos nas imediações da praça. Os visitantes também puderam saborear iguarias da culinária luso-açoriana em bares, restaurantes e até em um engenho de farinha que ficou funcionando durante os três dias do evento.

 

O impacto positivo da festa na comunidade foi um dos destaques citados pelo historiador Sérgio Ferreira, integrante da Casa dos Açores Ilha de Santa Catarina. “Santo Antônio de Lisboa tem muito a agradecer por ter sido escolhido para sediar esse Açor. Foi tudo tão bem organizado e tão bonito que a gente quer que aconteça novamente. Nossos votos são para que em Bombinhas, no ano que vem, seja tão bom quanto foi aqui”, comentou o morador da região.

 

A Festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina foi promovida pela Prefeitura Municipal de Florianópolis e Universidade Federal de Santa Catarina, com execução feita pelo Núcleo de Estudos Açorianos (NEA/UFSC), Secretaria Municipal de Cultura e Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes. O evento, realizado de 22 a 24 de agosto, contou com apoio do Funcultural e do Governo dos Açores.

 

Depoimentos de quem visitou a festa

 

Prefeito Cesar Sousa Junior – Florianópolis/SC (sede do Açor em 2014)

“Não há lugar melhor para isso (a festa) do que na capital de todos os catarinenses, que é a nossa amada Florianópolis. É um evento que mantém vivos os laços com os Açores. Temos trabalhado muito para reforçar essa identidade cultural açoriana”  

 

Prefeita Ana Paula da Silva – Bombinhas / SC (sede do Açor em 2015)

“A gente precisa cuidar além do corpo de uma cidade. A gente precisa cuidar da nossa alma. E a nossa alma é isso, é a nossa origem, é de onde a gente vem. Acho que esses encontros são sempre fabulosos, são muito ricos”

 

Maria da Glória Viana Soares – Rendeira da Barra do Sambaqui

“Já participei do Açor em Sombrio, Içara, São Francisco do Sul e agora em Florianópolis. De todas as festas que eu fui, essa pareceu a mais alegre”

 

Ana Lúcia Coutinho – historiadora e integrante do Grupo Arcos – Biguaçu/SC

“A festa de Florianópolis foi fantástica. Todo o povo na rua, cadeirantes, a família na rua, as casas com as janelas abertas, o carro de boi passando. A missa estava fantástica, de arrepiar. Foi uma das missas mais lindas que eu já vi com as bandeiras do divino”

 

“O que a gente espera é que cada vez mais haja esse olhar para a cultura popular, que é tão rica.  Precisamos de mais festas populares na rua. A gente quer que a política pública enxergue isso, que faça e se comprometa. Acho que Florianópolis cumpriu bem o dever de casa e todos estão de parabéns”

 

Paulo Ricardo Caminha – escritor e estudioso da cultura açoriana

“Nunca vi aqui em Santo Antônio de Lisboa uma festa tão saudável, uma coisa tão fantástica como esse Açor, nessa primeira vez que ocorre em Florianópolis. Tirando o carnaval que é uma festa que está no sangue do povo, eu nunca vi nada tão contagiante” 

 

Nereu do Vale Pereira – escritor, historiador e membro do NEA/UFSC

“A festa teve um êxito espetacular. O efeito foi muito positivo e vai agora obrigar que prefeitos futuros também assumam o evento em outras oportunidades"


"A colonização açoriana era tida como sem expressão, desprezível, pobre. E essa era uma leitura equivocada. Hoje está aí o resultado desse resgate. Estou envaidecido por ter contribuído com tudo isso”


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