Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes
Mantendo uma tradição de mais dois séculos, trazida pelos imigrantes açorianos, as celebrações em devoção ao Espírito Santo começam este mês em Florianópolis. As primeiras festas acontecem no Estreito, Centro, Lagoa da Conceição, Ribeirão da Ilha e Trindade. A abertura do calendário festivo ocorreu no último sábado (9), reunindo 200 festeiros e devotos das 14 comunidades que integram o Ciclo do Divino na Capital, além de comitivas dos municípios de São José, Santo Amaro da Imperatriz e Governador Celso Ramos. Cerca de 3mil pessoas assistiram à passagem dos cortejos pelas ruas do Centro Histórico.
Com o hasteamento da bandeira do Divino e bênção de mil pãezinhos, a programação iniciou às 9h30, na Rua Padre Miguelinho, imediações da Casa da Memória. No local, os grupos participaram da abertura dos festejos, conduzida pelo secretário municipal de Cultura Luiz Moukarzel. A solenidade contou com a presença de vereadores, secretários municipais e representantes da Caisc (Casa dos Açores Ilha de Santa Catarina) e do Nea (Núcleo de Estudos Açorianos), entre outros convidados.
Às 10h30, os participantes seguiram em desfile, carregando coroas, cetros de prata e as tradicionais bandeiras vermelhas enfeitadas com fitas multicoloridas - principais símbolos das Festas do Divino. Por quase uma hora, os grupos caminharam lentamente pelas ruas Padre Miguelinho, Arcipreste Paiva, Felipe Schmidt (calçadão), Sete de Setembro, Conselheiro Mafra, Mercado Público, e Praça XV de Novembro, seguindo para o Largo da Catedral.
Ao longo do trajeto, o público foi se aglomerando nas ruas e portas das lojas para apreciar a passagem do cortejo com pessoas vestidas com roupas típicas açorianas ou trajes imperiais alusivos às origens da festa, em Portugal no século XIII. O desfile foi realizado ao som das bandas da Lapa e Amor à Arte, que tocaram dobrados e canções com o tema do Divino Espírito Santo. No percurso, foram distribuídos mil pãezinhos abençoados pelo Frei Daniel, da Paróquia de Santo Amaro da Imperatriz.
O prefeito Cesar Souza Junior participou do encerramento da festa, ao meio-dia, no Largo da Catedral, onde os festeiros realizaram o encontro das bandeiras do Divino e assistiram às apresentações do vereador e músico Guilherme Botelho e do coral Vozes do Divino. “Essa é uma tradição que veio com nossos ancestrais e que se mantém viva por tanto tempo graças às comunidades. Por isso, temos que valorizar nossas raízes e o esforço que fazem os casais festeiros”, encerrou.
Patrimônio cultural catarinense
A abertura do Ciclo do Divino Espírito Santo é realizada pela Fundação Franklin Cascaes desde 2010, com a divulgação do calendário festivo de forma coletiva, em atenção à Lei Municipal nº 8010/2009, que instituiu o Dia de Abertura das Festividades do Divino Espírito Santo em Florianópolis. A iniciativa tem como objetivo valorizar e fortalecer essa manifestação cultural, que ocorre no período de maio a setembro na capital catarinense.
De acordo com o historiador Joi Cletison, diretor do Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina, a primeira festa do Espírito Santo ocorreu no reinado de Dom Diniz e da Rainha Isabel, em Portugal. De lá, a celebração foi levada para os Açores onde ganhou mais força. “A maior herança cultural que os açorianos deixaram foi a religiosidade e isso se manifesta de várias maneiras, mas especialmente na devoção ao Espírito Santo”, comentou.
Segundo ele, além de Florianópolis, mais de 50 municípios do litoral catarinense preservam essa tradição, introduzida em Santa Catarina no século XVIII. “Lá nos Açores é comum o cidadão dizer que o Espírito Santo não é da Igreja. É do povo. Então, essa religiosidade eles trouxeram pra cá. E a gente soube preservar isso com muita maestria”, observou Joi Cletison.
A Festa do Divino é registrada como patrimônio histórico, artístico e cultural de Santa Catarina pela Lei Estadual nº 15.731/2012. Em 2015, na capital catarinense, as primeiras festas ocorrem em maio, nas comunidades do Estreito, Centro, Lagoa da Conceição, Ribeirão da Ilha e Trindade. Na sequência, o calendário festivo contempla ainda os bairros do Rio Tavares, Prainha e Monte Verde (junho); Pântano do Sul e Campeche (julho); Barra da Lagoa (agosto), Santo Antônio de Lisboa, Rio Vermelho e Canasvieiras (setembro).
FESTAS DO DIVINO / FLORIANÓPOLIS
Estreito - 15 a 17 de maio
Centro - 21 a 24 de maio
Lagoa da Conceição - 21 a 24 de maio
Ribeirão da Ilha - 22 a 24 de maio
Trindade - 27 a 31 de maio
Rio Tavares - 5 a 7 de junho
Prainha - 6 e 7 de junho
Monte Verde - 12 a 14 de junho
Pântano do Sul - 4 e 5 de julho
Campeche - 18 e 19 de julho
Barra da Lagoa - 28 a 30 de agosto
Santo Antônio de Lisboa - 1 a 6 de setembro
Rio Vermelho - 11 a 13 de setembro
Canasvieiras - 25 a 27 de setembro
FESTAS DO DIVINO / OUTROS MUNICÍPIOS
São José – 16 a 18 de maio
Santo Amaro da Imperatriz – 22 a 25 de maio
Palhoça – 30 e 31 de maio / 1º de junho
Governador Celso Ramos – 17 a 20 de Julho
