Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes

30/03/2010 - Cultura
Exposição coletiva reúne ícones da arte Naïf em Florianópolis
Obras de sete artistas catarinenses serão expostas até 30 de abril, com atendimento de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h

foto/divulgação: Divulgação

Arte de Tercília dos Santos

 

Uma exposição coletiva na Galeria de Arte Pedro Paulo Vecchietti, no Centro, reúne pela primeira vez sete artistas catarinenses que se destacam pela reprodução de cenas do cotidiano da cidade e da cultura regional, sob o olhar ingênuo da arte Naïf. A abertura da mostra acontece nesta quarta-feira (31/03), às 19h, com apresentação do grupo de sopro da Escola de Música “Compasso Aberto”. Promovido pela Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), o evento integra as comemorações dos 284 anos do município.

 

Além de valorizar um estilo de arte que sintetiza o modo de vida simples dos catarinenses e a riqueza da cultura local, a exposição marca o início de uma ação educativa da FCFFC junto às escolas de Florianópolis para ampliar o acesso à galeria municipal e aumentar o contato dos estudantes com a arte. Até 30 de abril o público poderá conferir no local 21 obras de artistas plásticos como Maria Celeste, Tercília dos Santos, José Pedro Heil, Teresa Cristina Heil, Ana Beatriz Cerisara, Tolentino Sant’Anna Neto e Neri de Andrade.

 

Com a abertura da exposição de Arte Naïf, a galeria passa a funcionar com monitoria para visitas previamente agendadas por instituições de ensino. Além disso, o serviço também será oferecido no horário noturno para atender os cursos de educação de jovens e adultos. O agendamento poderá ser feito de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h, pelo telefone (48) 3324-1415.

 

Arte ingênua

 

Considerada uma arte ingênua ou primitiva, o Naïf tem como características a espontaneidade, criatividade e autenticidade do fazer artístico sem conhecimento acadêmico, transcendendo ao que se convencionou chamar de arte popular. Instintivo, colorido e de fácil compreensão, o estilo é adotado geralmente por artistas autodidatas que rejeitam ligação com alguma escola ou tendência, ou que não tiveram acesso à formação sistemática. Os adeptos do Naïf são vistos como “poetas anarquistas do pincel”, sendo comum encontrar entre eles profissionais de várias áreas: sapateiros, carteiros, donas-de-casa, costureiras, médicos, engenheiros, entre outras pessoas que apreciam a pintura sem compromisso, livre de regras.

 

O termo surgiu no século XIX com o alfandegário e pintor francês Henri Rosseau, durante exposição no Salão dos Independentes, em Paris. A partir daí, passou a ser utilizado para designar pintores que não cursaram Escolas de Belas Artes ou não se filiaram a algum movimento consagrado na história da arte, como o impressionismo, cubismo, surrealismo ou expressionismo. Além da França, Haiti, Itália e a ex-Iugoslávia, o Brasil é considerado um dos países que se destacam neste tipo de arte, divulgando grandes nomes como Heitor dos Prazeres, Cardosinho e José Antonio da Silva, entre outros.

 

Serviço:

 

O Quê: Exposição Coletiva de Arte Naïf em Florianópolis

 

Quando: Quarta-feira (31/03) – 19h

              Abertura com Grupo de Sopro / Compasso Aberto

 

Onde: Galeria de Arte Pedro Paulo Vecchietti

          Praça 15 de Novembro, nº 180 - Centro  

          Esquina com Rua Tiradentes

          Telefone: (48) 3228-6821

 

Visitação: Até 30 de abril – de segunda a sexta-feira – das 10h às 18h

               À Noite (só para escolas) – com agendamento prévio

 

Quanto: Gratuito

 

Sobre os artistas:

 

  • Maria Celeste

 

Com 91 anos de idade, é uma das artistas plásticas mais antigas da Ilha. Suas primeiras obras caracterizadas por rendas, crivos, frivolités (tipo de renda) e bordados foram feitas aos 64 anos de idade. Valorizando a beleza litorânea da Ilha e a atividade dos nativos, facilmente identificados através de faixas horizontais, os trabalhos da artista destacam planos com terra, montanha, lagos e mar, dando, muitas vezes a impressão de profundidade.

 

Maria Celeste possui uma carreira marcada por exposições coletivas e individuais no Brasil e exterior, tendo duas de suas obras no Museu Internacional de Arte Naïf (MIAM). Recebeu vários prêmios entre eles, 1º lugar na exposição do Banco Real, de São Paulo, e no evento Mulheres com Arte, promovido pela Fundação Franklin Cascaes. Suas obras estão em exposição permanente do Museu Rendas e Tramóias em Santo Antônio de Lisboa, e registradas no livro Fábulas de Linha e Agulha – arte de Maria Celeste.

 

  • Tercília dos Santos

 

Através da pintura em acrílico sobre tela, a artista registra cenas da infância vivida no campo, representadas por imagens de animais, paisagens e crianças. Os quadros em cores fortes e marcantes mostram o colorido rural de Santa Catarina. Tercília dos Santos é apontada pela crítica como grande revelação da pintura naïf no estado, realizando a primeira exposição aos 37 anos. Viajou por diversas cidades proferindo palestras sobre sua vida, arte e sobre o naïf, além de realizar oficinas. Recebeu também prêmio na Bienal Internacional de Arte Naïf de Piracicaba (SP) e menção Honrosa no 1º Salão Santos Dumont, de Florianópolis (SC).

 

  • José Pedro Heil

 

Brilho e colorido marcam as obras de José Pedro Heil, que estreou em 1969 na mostra coletiva do Grupo NOSS’ARTE, realizada no Museu de Arte Moderna de Florianópolis (MAMF), o atual MASC. Com 41 anos de carreira, o estilo naïf e os temas retratados no acrílico sobre telas representam sua visão poética do dia e da noite, valorizando figuras folclóricas, especialmente, o boi de mamão e manifestações religiosas da Ilha.

 

  • Teresa Cristina Heil:

 

Primitiva sem ser primária. É como se define a artista que recorre a seus instintos para construir as representações daquilo que vê. Figuras, animais e formas estilizadas em cores fortes, raras vezes suaves e delicadas dão um toque quase surreal aos quadros. Em quase quatro décadas de produção artística, Tereza Heil realizou várias exposições no Brasil e exterior, entre elas, na França, sob a curadoria da galeria, crítica de arte e colecionadora Ceres Franco.

 

  • Ana Beatriz Cerisara

 

Anabea, como é mais conhecida, iniciou seus trabalhos artísticos em 2002, registrando em bordados cenas do cotidiano, através de criações que privilegiam pequenos encantos do universo feminino e das memórias de infância.  O bucólico e o singelo unem-se em casas, pássaros, coqueiros e igrejinhas que retratam a Ilha da Magia. Em 2004, a obra “Bordando o Mundo” foi aceita na Bienal Naïfs do Brasil, realizada em Piracicaba (SP). Desde então, a artista tem participado de exposições variadas e da “Roda de Bordados”, grupo de mulheres que tecem e bordam a vida semanalmente no Campeche. 

 

  • Tolentino Sant'anna Neto

 

Na primeira exposição, em 1990, Tolentino Neto foi apontado pelos críticos de arte como revelação do Naïf de Santa Catarina. Sua temática é registrar o cotidiano ilhéu nas imagens de festas, folclore e de fé. Em seus quadros prevalecem cores vibrantes e ricas formas, como se fosse um sonho. Costuma retratar o boi-de-mamão como uma brincadeira rica e diversificada, valorizando personagens como a maricota, o cavalinho e o urubu.

 

  • Neri Agenor De Andrade

 

Neri Andrade, como é mais conhecido, retrata as tradições da Ilha.  Espaços vazios, onde as figuras respiram dentro das composições conseguem um efeito quase mágico em seus quadros. A inspiração vem do cenário rural e litoral, atmosferas líricas, com predomínio das cenas de pescaria que fazem parte de sua história. O até então pescador foi descoberto pelo artista plástico Rodrigo de Haro durante um passeio em Santo Antônio de Lisboa. Incentivado, profissionalizou-se e hoje tem no currículo participações importantes em exposições coletivas e individuais no Brasil e exterior.


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