Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes
Jovens do Maciço do Morro da Cruz vão contar histórias sobre a cultura de Florianópolis utilizando uma linguagem que fascina essa faixa etária: o desenho animado. A proposta faz parte do projeto Animando a Cultura da Ilha, lançado nesta terça-feira (22/12), com a assinatura de um convênio entre a Prefeitura de Florianópolis e instituições parceiras. A ideia é utilizar a animação digital para promover a inclusão social nas comunidades da região. “Essa é uma ação que não é tão visível quanto pavimentar as ruas, mas vai promover uma grande transformação social”, disse o secretário Municipal de Habitação e Saneamento Ambiental, Átila Rocha dos Santos.
O projeto Animando a Cultura da Ilha consiste na capacitação de jovens, com idade entre 14 e 24 anos, para criação e desenvolvimento de desenhos animados relacionados com a cultura local. Um dos objetivos é formar recursos humanos na área de Tecnologia da Informação e Comunicação, com foco na indústria do entretenimento, em especial para o mercado de TV, games e cinema de animação, modalidade em expansão no Brasil e no mundo. “Esse é um mercado que está crescendo muito e nós ainda não temos profissionais para trabalhar nesse meio. Por isso, a importância de investir nesse projeto”, explicou Milton Horn Vieira, representante da Universidade Federal de Santa Catarina.
A iniciativa também visa ampliar o acesso aos bens culturais estimulando o potencial artístico da juventude residente nessas áreas de risco social, melhorando a auto-estima dos moradores e gerando oportunidades de inserção no mercado de trabalho. A proposta integra o plano de ação do Programa de Aceleração do Crescimento para Espaços Mais Cultura (PAC Cultural), contando com cerca de R$ 750 mil oriundos do Ministério da Cultura (Minc).
Parcerias
A coordenação geral do projeto cabe à Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico Sustentável. Já a coordenação técnica das ações está sob responsabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina, Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento Ambiental, e Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC).
O convênio tem ainda como parceiros as secretarias municipais de Governo; Turismo; Educação; Segurança e Defesa do Cidadão; além do Instituto Gene, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/SC); Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações de Santa Catarina (Sucesu/SC); e a Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif). O projeto conta também com o apoio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, por meio do Programa Santa Catarina Games.
O projeto
Para o funcionamento do “Animando a Cultura da Ilha” será utilizada a estrutura da Passarela do Samba Nego Quirido, com ocupação de seis salas –uma para acomodar a coordenadoria técnica e cinco para instalar os equipamentos das oficinas de roteiro e desenho, apoio e produção, estúdio de áudio e show room. O projeto vai oferecer 33 vagas para um curso de Aprendizagem Industrial de Desenhista de Animação, com carga horária de 800 horas/aula e um ano de duração. As inscrições já estão abertas e as atividades iniciam em fevereiro no Senai/SC.
A proposta é incentivar a criação e o desenvolvimento de desenhos animados que contam histórias de pessoas de destaque na área da cultura em Florianópolis, no passado ou na atualidade. Através da temática os alunos iniciarão pesquisas que vão subsidiar o pré-roteiro e a produção do storyboard, técnica cinematográfica onde a história é contada em quadrinhos.
O projeto visa fazer o registro de tradições culturais da Ilha de Santa Catarina; formar recursos humanos na área de Tecnologia de Informação e Comunicação; melhorar a auto-estima das comunidades beneficiadas pela inclusão social via inclusão digital; promover a interação com o setor produtivo por meio da contratação dos serviços do grupo; e incentivar o surgimento de talentos na linguagem audiovisual e no novíssimo campo da cultura digital.
Mercado em alta
Quase todo centralizado nos Estados Unidos, o mercado mundial de animação movimenta cerca de 158 bilhões de dólares por ano. A partir do sucesso do filme Toy Story, da empresa Pixar, em 1995, os filmes de animação digital invadiram as telas do cinema e ganharam maior visibilidade. Dos dez campeões de bilheteria nos EUA em 2009, quatro são animações.
Mas, o Brasil também vem conquistando fatias nesse mercado, ocupando um espaço inédito nas grades de programação de prestigiados canais de entretenimento no mundo. Atualmente existem cerca de 30 empresas especializadas em animação no país e as produções brasileiras também começam a fazer sucesso além das fronteiras nacionais.
Dados do Ibope apontam que a série Peixonauta, criada pela TV Pingüim (SP), exibida no canal pago Discovery Kids, é a preferida do público de 4 a 11 anos. O seriado sobre as aventuras do peixe, que circula fora da água com roupa de astronauta, já foi vendido para emissoras de 60 países, com estimativa de gerar uma média de R$ 10 milhões em receita nos próximos anos.
Em Santa Catarina, a situação também é promissora no estúdio da Animaking, o maior do Brasil, e que está instalado no Sapiens Park, em Canasvieiras. Em parceria com empresas do pólo tecnológico catarinense, a produtora está finalizando o filme Minhocas inspirado no curta homônimo, que ganhou 11 prêmios em 2006, quando foi lançado. O projeto é realizado em co-produção com a Globo Filmes, Fox Filmes e Wizz Filmes.
Minhocas conta a história de Júnior, um menino minhoca de 11 anos que vive aventuras numa terra comandada por um vilão. O filme vem sendo produzido há dois anos utilizando a tecnologia stop motion, formato que está ganhando força no país. Consiste na utilização de modelos reais, feitos em massa de modelar ou mesmo em outros materiais, fotografados quadro a quadro e montados numa película cinematográfica para dar a impressão de movimento. O filme é o primeiro longa-metragem da América Latina filmado com essa técnica e deve estrear mundialmente em 2010 dublado em quatro idiomas.
