IGEOF - Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis
Maricultores e estudantes de aquicultura de todo o Estado reuniram-se nesta quarta-feira (8) no CentroSul para discutir os rumos da maricultura em Santa Catarina. Eles participaram do seminário promovido pelo IGEOF, em parceria com a EPAGRI, que abriu a 15ª edição da Fenaostra e é a etapa final deste longo trabalho que mobilizou maricultores e instituições envolvidas na questão da maricultura.
Na solenidade de abertura do evento, o prefeito Cesar Souza Junior foi representado pelo superintendente do IGEOF, Everson Mendes, que compôs a mesa juntamente com representantes dos maricultores, da Secretaria da Agricultura e da Pesca, do Ministério da Pesca e Aquicultura, da Capitania dos Portos e da EPAGRI.
A primeira palestra do dia teve como tema a Indicação Geográfica – Metodologia de Implantação da IG junto a Reserva Extrativista Marinha de Pirajubaé, proferida por James Arruda Salomé, do Sebrae.
O doutor em Aquicultura pela University of Tasmania (Australia), Felipe Matarazzo Suplicy, abriu o ciclo de palestras com o Histórico do Processo de Regularização da Maricultura em Santa Catarina. “Nunca estivemos tão perto de atingir nossa meta. Estão sendo feitas diversas atividades estratégicas de apoio à ocupação das áreas aquícolas, e isso não existe em nenhum outro lugar do Brasil”.
Ele falou também a respeito dos entraves para a regularização das áreas, como licitação de serviço para instalação das boias, liberação de recursos e licitação de áreas remanescentes, que precisam da licença ambiental e do patrimônio da União. Suplicy também proferiu a última palestra do dia, a respeito de Ações Estratégicas em Execução para Auxiliar o Processo de Ordenamento.
As Diretrizes para Ocupação e Uso das Áreas Aquícolas Marinhas foram abordadas na palestra do pesquisador da EPAGRI André Tortato Neves. Em sua explanação, Neves ressaltou a importância da demarcação das áreas. “74% das áreas em SC estão com cessão de uso para a maricultura, dentro de parques aquícolas detentores de licenças ambientais, e o que falta é o maricultor ter seu registro. A cessão de uso autoriza a exploração da área e diz qual é exatamente a área a ser ocupada”, afirmou. “As boias serão cedidas, sem custo para o maricultor, mas quem não sinalizar as áreas estará cometendo crime ambiental”, completou.
O tema das Condicionantes do Licenciamento Ambiental de Áreas Aquícolas Marinhas foi o tema da palestra proferida pelo representante da FATMA, David Vieira da Rosa Fernandes.
O Seminário Estadual finalizou com um ciclo de perguntas e respostas feitas aos palestrantes.
Mulheres na Maricultura
Talvez fosse mais confortável para Tatiana da Gama Cunha e Rita de Cássia Rodrigues se elas simplesmente tocassem seus comércios no Ribeirão da Ilha. Tatiana é dona de uma loja de artigos para maricultura e Rita de Cássia tem um restaurante, na beira da praia, onde vende, entre outros pratos, as ostras e vieiras que produz.
Em um universo quase completamente masculino, as duas são extremamente atuantes e têm como objetivo comum melhorar e desenvolver as condições da maricultura em Florianópolis.
Há alguns meses, Tatiana, que é filha e esposa de maricultor, acompanha a equipe do IGEOF pelas áreas de produção, de norte a sul de Florianópolis, para conversar com os maricultores a respeito de cursos de capacitação que serão realizados pelo IGEOF, incluindo o seminário que aconteceu na abertura da Fenaostra. Incansável, Tatiana tem batalhado pela realização de cursos que aumentem o conhecimento e capacitem o maricultor.
Quinze dos 54 anos de idade de Rita de Cássia foram inteiramente dedicados à maricultura. Formada em Farmácia, desistiu da atividade e foi cultivar ostras e vieiras no Ribeirão da Ilha, tendo feito diversos cursos – inclusive no Liceu do Mar na França – e criando uma associação de mulheres aquiculturas e ambientalistas. “Minhas vieiras estão lindas”, disse, orgulhosa.
A alegria com que fala de suas vieiras dá lugar à preocupação com a certeza de que algo deve ser feito para a regularização das áreas de maricultura em Florianópolis. “Eu creio que hoje deve ser um dos mais importantes dos últimos anos. Viemos cobrar a questão da sinalização, quem tem área onerosa e não pode ocupar. Viemos aqui para ver o que vai ser feito”, disse.
Juntas, Tatiana e Rita, juntamente com outros produtores, pretendem unir forças e organizar uma comissão que busque unir os maricultores de Florianópolis. “Até por que mulher fala tanto que vai ter uma hora que alguém vai ter que ouvir”, finalizou Rita.