IGEOF - Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis

05/11/2014 - Oportunidade
Franceses buscam intercâmbio em maricultura
Preocupação dos produtores é com alto índice de mortalidade das ostras

foto/divulgação: Petra Mafalda/PMF

Comitiva visitou área de cultivo e manuseio

Para intensificar a troca de experiências estabelecida em termo de cooperação técnica na área da maricultura – já assinado com o município de Florianópolis – e tratar de futuras cooperações técnicas nas áreas de pesquisa e turismo, uma comitiva da principal região maricultora da França esteve visitando a cidade e seus polos produtores. O ponto inicial da visita foi o gabinete do prefeito em exercício da Capital, Tiago Silva.

Enquanto Florianópolis tem muito a contribuir com o desenvolvimento de novas técnicas de cultivo da ostra, a partir da experiência adquirida pelos maricultores através do apoio da Epagri e UFSC,  muitas cidades francesas - como La Rochelle -  são exemplos de gestão de marinas através do modelo de concessão . Lá existe a maior marina da Europa, “Les Minimes” , com capacidade para 4.500 embarcações.  

A comitiva francesa era composta por Jean-Claude Beaulieu, vice-presidente do Departamento de Charente Maritime,  localizado na região Poitou-Charentes, além da vice-prefeita da capital de Charente Maritime,  Marylise Fleuret-Pagnoux, e o secretário do Desenvolvimento Internacional de Charente Maritime, Sylvain Pothier-Leroux.


A visita foi ciceroneada pelo superintendente do IGEOF (Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis), Everson Mendes, além de seu adjunto Tiago Frigo, da diretora Maria de Fátima de Souza Neves e do gerente da Secretaria Municipal de Pesca e Maricultura, Ademir Dário dos Santos.

A maior preocupação das autoridades francesas é o alto índice de mortalidade das ostras cultivadas ao longo dos 500 Km de litoral de Charente Maritime. “O problema é pontual e chega em média a 60% a 90% de mortalidade”, afirmou Beaulieu.

Além disso, os franceses pretendem aperfeiçoar as técnicas de cultivo da ostra para otimizar a produtividade. É que na França o período entre plantio de sementes e a colheita da ostra no tamanho adequado para comercialização é de três a quatro anos, enquanto em Florianópolis a ostra está pronta entre seis e nove meses.  A ostra cultivada em Florianópolis, da espécie (Crassostrea gigas), do Oceano Pacífico, é a mesma da França.

A agenda incluiu a visita a uma empresa de beneficiamento de moluscos licenciada, localizada no Ribeirão da Ilha, para conhecer não só a fazenda marinha, como também o cultivo de ostras e o manejo da produção, que chega a 160 mil dúzias de ostras e 60 toneladas de mexilhão por ano.

“Ficamos impressionados com o tempo de crescimento das ostras aqui em Florianópolis, garantindo um produtividade de uma safra e meio por ano”, disse Beaulieu. A vantagem da Capital na produção de ostras, especialmente a localidade do Ribeirão da Ilha, é a variação da maré, a temperatura da água e a localização geográfica das fazendas marinhas, próximas a manguezais que fornecem alimento, como fito plânctons, ou seja, microalgas em abundância.

Na França, as fazendas chegam a ficar expostas ao sol por um longo período de tempo, devido à maré baixa, o que compromete a alimentação das ostras.

Centro de Ciências Agrárias

O diretor do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de Aquicultura da UFSC, Luiz Carlos Padilha, não descartou a possibilidade de estabelecer parceria para prestar apoio técnico aos maricultores franceses para realizar estudo com objetivo de investigar o motivo da mortalidade das ostras na França.

De acordo com  Aimê Rachel Magenta Magalhães, professora do Núcleo de Estudos em Patologia Aquícola, a causa da mortalidade é a presença de um tipo específico de protozoário no molusco, que curiosamente não provoca mortalidade na mesma espécie de ostra aqui em Florianópolis. “Seria interessante que os pesquisadores franceses se unissem aos técnicos da universidade para encontrar uma solução para o problema”, afirmou Aimê.

Segundo o chefe do Departamento de Aquicultura da UFSC, Professor Edemar Roberto Andreatta, outro agravante, é que moluscos bivalves não possuem sistema imunológico para desenvolver vacina. Aimé disse ainda que uma possível alternativa sería a criação de um genótipo mais resistente ao problema.

Os franceses também estiveram no Laboratório de Moluscos Marinhos, localizado na Barra da Lagoa, onde puderam conhecer a produção alimentar das sementes feita por cinco tipos de microalgas. O laboratório é o único do Brasil que produz sementes de ostras da espécie Crassostrea gigas.  São 50 milhões de sementes por ano.

Quarta-feira

Na manhã desta quarta-feira (5), os franceses estiveram na Epagri para conhecer os projetos para o desenvolvimento da aquicultura em Santa Catarina e a produção catarinense no mercado nacional.  O Estado é o primeiro colocado no ranking da atividade de pesca marinha, com 157 mil toneladas por ano. A pesca artesanal responde por 12 mil toneladas.

Na área da maricultura, de acordo com pesquisa realizada em 2013, foram quase 20 mil toneladas de produção de moluscos, sendo 16 mil toneladas de mexilhões e 3 mil toneladas de ostras, 29 toneladas de vieiras e 214 toneladas de camarão. Já com relação a piscicultura, o Estado está em 3º lugar no ranking nacional.

O Gerente do Centro de Aquicultura e Pesca da Epagri, Fabiano Muller Silva também apresentou o modelo de parque aquícola com sinalização que será implantado no estado. Serão 820 áreas com mais de três mil pontos de cultivo de ostra. 

Além disso, falou do projeto de mecanização da produção com o objetivo de reduzir o esforço na produção, com sistema de elevação de carga, desagregação e  classificação das ostras. Até 2015 será disponibilizado um sistema online para acessar informações sobre as áreas de cultivo em três de tipos de classificação: áreas liberadas para comercialização da ostra in natura, áreas sob condições de consumo como por exemplo, cozido ou depurado, e ainda áreas interditadas. 


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