Secretaria Municipal de Saúde

26/08/2015 - Saúde
Projeto visa a atenção à saúde de travestis e trans
Ambulatório no Centro de Saúde Lagoa da Conceição garante atendimento protegido de possível discriminação

foto/divulgação: Adeh

Público LGBT prestigiou o lançamento do programa no Centro de Saúde Lagoa

Projeto criado por residentes de Medicina de Família e Comunidade da Secretaria de Saúde garante atendimento integral à saúde da população travesti e transexual. O espaço de referência para este atendimento está sendo desenvolvido no Centro de Saúde Lagoa da Conceição. A ideia é que haja proteção de possíveis casos de discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, respeitando o uso do nome social do paciente e oferecendo, também, hormonioterapia.


O ambulatório está sendo tocado por três médicos residentes e supervisionado por Murilo Leandro Marcos, médico de família e comunidade, todos atuando voluntariamente. O funcionamento começou em 10 de agosto e é feito todas as segundas-feiras, das 18 às 22 horas. Além do atendimento clínico, o ambulatório oferece hormonioterapia e o cartão SUS utiliza o nome social do paciente. O serviço é feito em parceria com a Associação em Defesa dos Direitos Humanos (Adeh).


A presidente da Adeh, Lirous Ávila, explicou a relevância do atendimento humano e respeitoso, proposto pelo projeto, lembrando que muitas vezes ainda há discriminação e falta de conhecimento sobre questões específicas desse público. “Por isso, a capacitação e essa parceria são tão importantes”, afirmou. Toni Reis, da diretoria da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ALGBT), também comemorou a ação. “Toda política pública voltada à nossa comunidade é bem-vinda”, disse.


Uruguai


Thiago Campos, residente que propôs o projeto, contou que a ideia surgiu após um estágio feito em Montevidéu (Uruguai), onde conheceu o serviço de acesso à população transexual aos serviços de saúde em um turno, uma vez por semana, com equipe capacitada para o atendimento dessa população, ao mesmo tempo em que garantiam acesso a outros usuários (geralmente trabalhadores que procuram o serviço após o trabalho).


Assim como lá, a equipe de saúde da família também faz outros atendimentos durante o turno noturno, como consultas de pré-natal e atendimentos de demanda espontânea, além do ambulatório para travestis e trans. “A ideia não é segregar a população trans, oferecendo apenas ambulatórios especializados, mas garantir a coordenação do cuidado pelo médico de família e comunidade a um grupo de usuários que historicamente tem-se mantido afastado da Atenção Primária à Saúde”, explicou.


No caso de Florianópolis, há anos o tema vem sendo discutido e propostas para este público específico vêm sendo avaliadas e executadas. A Capital tem Plano Municipal de Políticas Públicas e Direitos Humanos de LGBT e teve, na última Conferência Municipal de Saúde, aprovada em relatório final a necessidade do atendimento integral à saúde para a população LGBT nos centros de saúde.


Iniciativa semelhante já ocorre no ambulatório de endocrinologia do Hospital Universitário, mas o atendimento é específico quanto ao uso de hormônios, havendo pouco espaço para o acompanhamento de saúde integral, garantindo prevenção, conhecimento da situação familiar e do ciclo de vida e acompanhamento de doenças crônicas.