Levar fundamentos do cultivo hidropônico a todos os recantos da rede municipal de ensino, seja através de oficinas abordando suas técnicas, seja através de uma horta ambulante montada num velho ônibus, é o objetivo de Alexandros da Silva Kotzias, motorista da Secretaria Municipal de Saúde há 11 anos. Pós-graduado em educação ambiental, Alexandros quer ver cada creche, cada escola, cada núcleo de educação infantil produzindo suas próprias hortaliças pelo sistema cuja principal vantagem é não depender de um único centímetro quadrado de terra para começar a produzir.
Sua primeira oficina de hidroponia e aquaponia foi apresentada para professores da rede municipal nesta quarta-feira (26), na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). "O objetivo era deixar o encontro o mais didático possível, e passar as informações para alunos de todas as idades sobre sustentabilidade", explica Alexandros. "O tema se torna mais importante a cada dia que passa. Precisamos cuidar do nosso planeta, precisamos da ajuda e do conhecimento de todos".
O projeto contou com o apoio do coordenador do laboratório de hidroponia da UFSC, professor Jorge Barcelos, da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), e de Lee Feng-Wen, que trouxe novas técnicas de Taiwan. "As expectativas são as melhores possíveis", diz Alexandros. "No curso de hoje, contamos com cerca de 15 professores, e eles vão passar a ideia para as escolas".
Marco Michelena, aluno da graduação de engenharia de aquicultura, foi quem apresentou o espaço de hidroponia da UFSC para os educadores. "A intenção é fantástica, as crianças devem aprender sobre as possibilidades que a natureza oferece", afirma Marco. "Pessoas do país inteiro vêm aqui conhecer o projeto, que ainda é consideravelmente novo para nós. As escolas pedem para fazer visitação o tempo todo, e a hidroponia é algo que pode ser feito em casa e até mesmo nas unidades públicas".
Alexandros viu a oportunidade de expandir a ideia educacional ao saber que um ônibus da Secretaria Municipal de Educação inutilizado iria a leilão. "Salvei o ônibus para trabalhar dentro dele. Naquele espaço, podemos criar oficinas de compostagem, reciclagem, produção de sabão em barra com óleo de cozinha... As ideias não têm fim. E com a facilidade do transporte, quero levar o curso itinerante aos colégios da rede municipal".
A professora Kamila Detoni da Escola Municipal Osmar Cunha saiu da oficina otimista. "Pelo projeto ser sustentável, o custo não é alto, e o investimento na educação é certeiro", aposta. "Se desde a creche isso tudo fosse ensinado, não teríamos tantos problemas com o meio ambiente. A liberação do ônibus público temático seria ótima, pois assim as escolas não precisariam vir até aqui para ensinar: a unidade iria até os alunos".
O reaproveitamento é importante nos processos, que são diferentes um do outro. A hidroponia é uma técnica de cultivar plantas sem solo, onde as raízes absorvem uma única fonte de susbtâncias, baseada numa solução que contém água e todos os nutrientes essenciais para a planta. Já a aquaponia depende da interação de peixes e pescado para nutrir os vegetais. "O próximo projeto que temos em mente é começar a prática de aquaponia na Horto Florestal do Córrego Grande e no parque municipal do Morro da Cruz. Também pretendemos levar os professores para conhecer o cultivo de moluscos na Barra da Lagoa", diz Alexandros.
Pós-graduação
Alexandros se interessa pela natureza desde muito cedo, e está sempre envolvido em ações de sustentabilidade. É pós- graduado em educação ambiental e com a ajuda da Prefeitura de Florianópolis realizou um curso de hidroponia, onde se especializou no assunto, e quis desenvolver sua própria oficina. Motorista da Secretaria de Educação, é o responsável pelas saídas a campo de alunos da região. Foi com o contato da secretaria que resgatou o ônibus que iria a leilão.
