21/09/2015 - SME - Educação
Uma doença, uma bicicleta, uma nova vida
Professora Ana Destri pedala para controlar obstrução da artéria carótida

foto/divulgação: Ana Destri

Na luta pela vida, a professora encontrou uma de suas maiores paixões: pedalar.

 

Ana Destri, professora de educação física da rede municipal de ensino,descobriu em 2012que sofria de uma doença genética que provoca o crescimento de uma placa obstruindo a artéria carótida, a que liga o coração ao cérebro. Essa placa de gordura dificulta a passagem do sangue até o sistema nervoso central. Sem essa circulação, são grandes as possibilidades de um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral (AVC).

 

A educadora ficou abalada ao receber a notícia. “Eu fazia tudo certo e, mesmo assim, me aparece um problema dessa gravidade”, contou.

 

Saiu do consultório determinada a resolver o problema com dieta balanceada e mais exercícios, umavez que já praticava corrida e muay thai. Apostou com o médico que conseguiria reduzir a placa unindo medicamentos eatividades físicas e se alimentando melhor. Ana transformou o tratamento em algo prazeroso.

 

Na luta pela vida, a professora encontrou uma de suas maiores paixões: pedalar. Por ser um exercício aeróbico, que usa o oxigênio no processo de geração de energia, a bicicleta estimula a frequência cardíaca e o músculo do coração, melhorando a capacidade cardiopulmonar e cardiovascular.

 

Anamorava em Coqueiros, região continental de Florianópolis, e trabalhava na Escola Básica Municipal Anísio Teixeira, na Costeira, na Ilha de Santa Catarina. De ônibus, passava muito tempo no trânsito. Nesse período, ganhou uma bicicleta de presente do tio.A primeira bicicleta que era só dela (quando jovem, tinha que dividir uma com os irmãos). Batizou o veículo de Bik’Ana.

 

Começou se aventurando pelo seu bairro, e aos poucos foi expandindo seus horizontes.  Superou o medo do trânsito e conseguiu atravessar a Ponte Pedro Ivo Campos pedalando. “Naquele momento, eu não encarava o trânsito como algo muito perigoso, pois eu fazia parte dele”, relatou.

 

Economizando tempo e unindo a família

 

Hoje, aos 50 anos, trabalha em duas unidades: na Creche Celso Ramos, no Centro, e no Núcleo de Educação Infantil Nagib Jabor (NEI), no Estreito. De bicicleta, leva 15 minutos para chegar até a creche. De carro, levaria 45 minutos. Até o NEI, passa nove minutos em cima da bike,quando levaria 20 de automóvel.

 

A família foi contagiada e acabou entrando nesse universo. Seu marido, João Destri, 49 anos, vai pedalando para o trabalho, na Agronômica, totalizando oito quilômetros. “Pouco depois de Ana ter começado a pedalar, meu médico me indicou que eu também realizasse atividades físicas. Então embarquei nessa com ela”, disse João.

 

Mariana, de 29 anos,aceitou a proposta da mãe de receber uma bicicleta de presente em seu aniversário. Giovanna, a filha mais nova, de 18 anos, está dando suas primeiras pedaladas com a Ana em pequenos trajetos, pois ainda se sente insegura para enfrentar as ruas da Capital. A família queima calorias e fortalece as pernas e o abdômen.

 

 

Atração do intervalo

 

Em 2013, Ana dava aulas na Escola Desdobrada Municipal José Jacinto Cardoso, na Serrinha. No primeiro dia, foi atéo trabalho de bicicleta e a Bik’Ana se tornou atração no intervalo. A criançada ficou curiosa com a professora que se deslocou até a unidade pedalando e a encheu de perguntas. “Você mora longe?”, “Atravessa a ponte de bicicleta?” e “É perigoso?” foram algumas das indagações.

 

O interesse das crianças foi tanto que isso se tornou um projeto da unidade. No começo, foi trabalhada em sala de aula a história da bicicleta. Logo, chegaram à questão da mobilidade urbana, já que na comunidade não há calçadas e o trajeto até a escola é complicado.

 

Projeto Bicicleta na Escola

 

Assim, nasceu na José Jacinto Cardoso o projeto Bicicleta na Escola, que tem como objetivo principal aguçar o senso crítico quanto às questões de mobilidade, assegurando o direito de ir e vir de todos. “Quando pedalo, observo tudo e todos. A rua é de todos e vejo cada vez mais gente utilizando a bicicleta para se deslocar. Buscamos auxiliar, nessa transição de brinquedo para meio de transporte, dando as orientações necessárias.”, informou Ana.

 

Em 2014, a educadora levou a ideia até a Gerência de Programas Suplementares da Secretaria de Educação, com a intenção de torná-la realidade em outras unidades da rede. O projeto foi aceito e, desde então, Ana coordena a iniciativa voluntariamente, com formação de semeadores do projeto, visitas a unidades e participando de eventos. Nove unidades municipais e uma estadual aderiram ao movimento.

 

Bicicletada

 

Na Escola Básica Municipal João Gonçalves Pinheiro, no Rio Tavares, através do projeto, são discutidas em sala de aula questões relacionadas ao meio ambiente e à mobilidade urbana.

 

Foramrealizadas oficinas, com palestras sobre respeito no trânsito, história da bicicleta e os benefícios da prática. Segundo WladsonDalfovo, professor de geografia e responsável pelo projeto na unidade, cerca de 40 alunos vão até a escola pedalando.Em agosto, foi promovida uma bicicletada, com a participação dos estudantes.  Com saída da escola, o grupo foi até a praia do Campeche.

 

Já na Escola Básica Municipal Herondina Medeiros Zeferino, nos Ingleses, foi realizada com os 60 alunos dos quartos anos, da professora Kelly Bernardo de Paulo, uma oficina para auxiliá-los a enxergar a bicicleta não somente como um brinquedo, mas como um meio de transporte. Cerca de 250 estudantes utilizam o veículo para chegar à escola.

 

Por parte da Prefeitura, estão envolvidas ainda as escolas Osmar Cunha (Canasvieiras), Lupércio Belarmino da Silva (Caieira da Barra do Sul), José Jacinto Cardoso (Serrinha), Dilma Lúcia dos Santos (Armação do Pântano do Sul) e Alfredo Rohr (Córrego Grande), além do Núcleo Municipal de Educação Infantil Nagib Jabor, EJA Centro (Educação de Jovens e Adultos) e a Escola Estadual Porto do Rio Tavares.

 

Um anjo no caminho

 

A ideia de Ana poderá ser adotada em outras regiões do país. A professora foi requisitada e já repassou informações do projeto às cidades de São Paulo, Santa Bárbara d’Oeste (SP), Balneário Camboriú (SC), Rio de Janeiro e Niterói (RJ). 

 

Quando inserida no mundo dos ciclistas, Ana teve vontade de ajudar as pessoas a andarem de bicicleta no trânsito. Logo em seguida, conheceu o Bike Anjo, voluntários de Florianópolis que realizam este trabalho. Pouco tempo depois, ela se tornou membro do grupo.

 

A turma dá assistência e indica os melhores trajetos para se fazer, acompanha o ciclista iniciante em suas primeiras pedaladas e ensina manutenção básica da bicicleta e medidas de segurança no trânsito.O serviço é gratuito. Mais informações podem ser encontradas no site:www.bikeanjofloripa.com.

 

Mensalmente, é promovida a Escola Bike Anjo (EBA), uma oficina para quem quer aprender a pedalar e receber orientações. O evento é gratuito e ocorre na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

 

PMF irá implantar 40 quilômetros de ciclovias

 

Estão em obras 21 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas e em projeto outros 21 quilômetros. O município já possui quase 40 quilômetros de melhorias implantadas.

 

As solicitações para construção de ciclovias e ciclofaixas chegam até a administração municipal por intermédio das entidades comunitárias, ONGs ligadas ao ciclismo, pelo projeto Prefeitura no Bairro e por meio da Câmara de Vereadores.

 

Os pedidos são encaminhados ao Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), onde os técnicos avaliam se é possível ou não a realização do projeto. Em caso positivo, a Secretaria de Obras realiza os trabalhos. São levados em conta critérios, como coerência, para formar uma rede completa, segurança e conforto.

 

Em obras

 

Em obras, estão a Avenida Ivo Silveira (2,7 KM), Rua Osni Ortiga (2,8 KM), Rua Padre Rohr (2,3 KM), Avenida Jorge Lacerda (3, 3 KM), Elevado do Rio Tavares (580 metros), Elevado de Canasvieiras (1,6 KM), Rua João Pio Duarte Silva (410 metros) e  acesso ao aeroporto Hercílio Luz (6, 7 KM).

 

Projetos

 

Há projetos para Rua Deputado Antonio Edu Vieira (2,03 KM), Avenida Prefeito Waldemar Viera (1,8 KM), Avenida Gustavo Richard (1,5 KM), Rua José Maria da Luz (1,3 KM), Rua Admar Gonzaga (2,3 KM), Avenida Presidente Juscelino Kubitschek (1,3 KM), Rua Líbia Cruz (690 metros), Rua Santos Saraiva (840 metros), Avenida Atlântica (1, 3 KM),  Rua Edelberto de Oliveira (670 metros), Rua Luiz Gonzaga Valente (280 metros), Rua Vereador Nagib Jabor (640 metros), Rua Pedro Antonio Carvalho (450 metros), Avenida Patrício caldeira de Andrade (1,2 KM), Rua Felipe Neves (1, 2 KM) , Rua Araci Vaz Callado (1,7 KM), Rua Joaquim Nabuco (610 metros), Rua Afonso Pena (920 metros).

 

Sistema implantado

 

Os amantes da bike já têm à disposição ciclovias e ciclofaixas em Canasveiras (1,1 KM), Ingleses (4 KM), Elevado do Itacorubi (300 m), Beira-mar Continental (2,3 KM), Beira-mar Florianópolis -São José (360 metros), Avenida Hercílio Luz (1, 2 KM), Agronômica (1, 6 KM), Rodovia Luiz Boiteux Piazza (Cachoeira do Bom Jesus a Ponta das Canas- 2,8 KM), Campeche (Avenida Pequeno Príncipe- 2,8 KM), Fazenda do Rio Tavares (1,1 KM), Rodovia João Gualberto Soares  (2,5 KM), Pântano do Sul- Açores (1,5 KM), Avenida da Saudade (1,6 KM), Avenida Beira- mar Norte (9, 6 KM), Terminal de Integração de Canasvieiras (900 metros), Via expressa Sul (4, 8 KM) e Itacorubi (700 metros).


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