08/05/2019 - SEMAS - Social
Passarela Nego Quirido: a porta de entrada para o resgate da cidadania de pessoas em situação de rua na Capital

foto/divulgação: Chaiana Muller/PMF

Jair utiliza a Passarela da Cidadania todos os dias.

A Passarela do Samba Nego Quirido também é a Passarela da Cidadania. No mesmo local onde é feita a manipulação de alimentos dos camarotes durante os dias de desfiles do Carnaval, também serve de abrigo para pernoite (80 vagas), sala de atendimento psicológico, banho, cortes de cabelo e refeitório para café, almoço e jantar, durante o ano inteiro. Ao todo, são servidas 450 refeições por dia.

 

De segunda a sexta-feira, a prestação desses serviços é feita pela Associação Braços Abertos (ABA), organização conveniada com a administração municipal. Nos finais de semana, a solidariedade assume os trabalhos quando voluntários se revezam para atender àqueles que buscam suporte. No local, oportunidades em cursos e vagas de emprego também são ofertadas. Quem deseja doar roupas e alimentos para pessoas em situação de rua ou atuar como voluntário na Passarela da Cidadania pode contar com a rede solidária da Prefeitura, Somar Floripa. Basta se cadastrar pelo site somarfloripa.com. As doações podem ser entregues na sede da rede, na Rua Tenente Silveira, 60, 1º andar.

 

“Por meio dos diversos serviços disponibilizados pela Prefeitura de Florianópolis, buscamos fomentar a reinserção das pessoas em situação de rua no mercado de trabalho, devolver sua autonomia e com isso, reinseri-las na sociedade,” afirma a secretária municipal de Assistência Social, Maria Cláudia Goulart.

 

Em busca de uma nova realidade

Jair Nunes Lima também é um dos beneficiados pelo trabalho realizado na Passarela da Cidadania. Natural de Imaruí, está em situação de rua há oito anos, devido a conflitos familiares. Ele se alimenta, toma banho, corta cabelo e pernoita no local. “Tudo o que eu preciso eu tenho aqui. Foi muito bom ter a ABA junto com a prefeitura nesse projeto. Seria muito ruim se não tivesse como se alimentar,” afirma. É a melhor coisa que já aconteceu para que nós que estamos na rua.” acrescenta Jair.

 

Aos 69 anos, Jair valoriza a solidariedade. Por vontade própria, conta que auxilia a organização social de vez em quando. “Às vezes até ajudo aqui como voluntário. Porque assim como estão nos ajudando, também faço isso como forma de retribuir a ajuda que me dão aqui,” relata.

 

Trabalho integrado na promoção da cidadania

 

O atendimento realizado na Passarela da Cidadania é um dos diversos serviços que a Prefeitura de Florianópolis oferece para as pessoas em situação de rua durante as abordagens diárias de três equipes: Abordagem Social, Sensibilização e Força-tarefa DOA (Defesa, Orientação e Apoio). Além desses, são ofertados outros programas de acolhimento, atenção em saúde para dependentes químicos, alimentação, passagens de retorno para a cidade de origem, capacitação e apoio na reinserção no trabalho e na sociedade.

 

Filipe Souza, coordenador da Sensibilização, uma da três frentes de abordagem, fala sobre como funciona o trabalho do grupo. A equipe é composta por 10 agentes de ação social. “Nosso foco é a região central. Diariamente, verificamos quais são os pontos da cidade que mais necessitam do nosso apoio. É uma forma de amparo, onde buscamos conversar e orientar as pessoas em situação de rua sobre os atendimentos que a prefeitura oferece,” explica.

 

Gisele Aparecida Furtado é agente de Sensibilização, uma das três equipes da Prefeitura de Florianópolis que realiza abordagens às pessoas em situação de rua na Capital. Ela iniciou o trabalho na Passarela da Cidadania como voluntária em novembro do ano passado, e hoje é funcionária, onde auxilia no resgate da dignidade de quem busca diariamente, os serviços oferecidos no local. Logo cedo, a partir das 7h, já está em ação no Centro de Florianópolis. Durante às ações, ela e seus nove colegas, expõem para a população de rua, todos os serviços e atendimentos que a Prefeitura de Florianópolis oferece. Perto das 12h, retorna para a Passarela onde auxilia na preparação do almoço de quem busca uma refeição.

 

“Eles podem sair dessa situação sim. Basta ter alguém que estenda uma mão. Aqui eles tem um suporte para não estarem nas ruas né. Tem banho, café da manhã, almoço e jantar. É um suporte para que possam retornar para a sociedade. Esse é o nosso objetivo. Que eles passem para o ‘lado de cá’, possam vir aqui e falar que um dia eles tiveram alguém que estendeu a mão, que  conseguiram sair dessa situação de rua e que estão de volta à sociedade”, comenta Gisele.

 

A Força-tarefa DOA, formada por entidades da sociedade civil organizada e por representantes da secretaria de Assistência Social atua diariamente em todas as regiões. A equipe segue um cronograma de abordagens previamente definido. A equipe de Abordagem Social é composta por educadores sociais e psicólogos e também atua na Capital.


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