O Dia 21 de outubro entra para o calendário de Florianópolis como Dia Municipal da Rendeira. A data comemorativa foi instituída pela Lei nº 8030/2009, assinada durante solenidade no Espaço Cultural Martinho de Haro, sede do legislativo municipal, onde foi inaugurada uma exposição pública de peças produzidas por rendeiras de diversas comunidades de Florianópolis. A mostra foi promovida pela Prefeitura da Capital, por meio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), Casa dos Açores e Câmara de Vereadores.
“A gente só vai melhorar o futuro se tiver competência e sensibilidade para valorizar o nosso presente e, principalmente, preservar o nosso passado”, disse João Batista Nunes na solenidade em que presenteou a rendeira Natalícia Catarina Machado, de Santo Antônio de Lisboa, com uma placa comemorativa. Outras 25 rendeiras de diferentes comunidades de Florianópolis também foram homenageadas na data que entra para o calendário oficial da cidade. Aos 88 anos e ainda em atividade, dona Natalícia participou do evento acompanhada pela filha Bertolina Machado Ferreira, de 65 anos, que aprendeu o ofício ainda criança, seguindo a tradição da cultura açoriana.
A criação do Dia Municipal da Rendeira foi proposta pelo vereador Edinon Manoel da Rosa (PSB), o Dinho, com o objetivo de promover o artesanato da renda de bilros e valorizar a mulher rendeira, um dos ícones da cultura popular no litoral catarinense. A data também recorda 21 de outubro de 1747, quando os primeiros imigrantes (473 pessoas) partiram do porto de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores, rumo a Santa Catarina, aportando na Ilha em 6 de janeiro de 1748.
Tradição açoriana
A renda de bilro veio para o Brasil com os imigrantes portugueses, oriundos especialmente do arquipélago dos Açores. Enquanto os homens passavam longos períodos na atividade da pesca, as mulheres ocupavam o tempo livre tecendo fios em almofadas de bilro. Vendiam as peças produzidas no mercado da cidade ou trocavam por produtos de necessidade básica para reforçar o orçamento familiar, numa tradição passada de geração a geração, e que originou o ditado popular que diz que “onde há rede, há renda”.
Entre as rendas mais conhecidas produzidas no município estão a “Maria Morena” e a “Tramóia”, ou renda de sete pares, que é típica de Santa Catarina e comum entre as artesãs do Ribeirão da Ilha e da Lagoa da Conceição. Para preservar essa atividade da cultura local e promover a troca de conhecimento entre as rendeiras, a Fundação Franklin Cascaes mantém um núcleo de oficinas de renda no Centro Cultural Bento Silvério, o Casarão da Lagoa, na Lagoa da Conceição.