21/03/2012 - FCFFC - Cultura
Florianópolis recebe homenagem da França
Evento, realizado na sede da Fundação Franklin Cascaes, marcou a passagem do navegador Jean-François de Galaup, Conde de Lapérouse, pela Ilha de Santa Catarina, no final de 1785

foto/divulgação:

Busto de Lapérouse em baixo relevo

Comemorando 286 anos, Florianópolis recebeu, nesta quarta-feira (21), uma homenagem especial do Museu Lapérouse, sediado na cidade de Albi, na França. A distinção celebra as relações de amizade franco-brasileiras e marca a passagem do navegador Jean-François de Galaup, Conde de Lapérouse, pela Ilha de Santa Catarina, no final de 1785. Os objetos foram doados pelo Presidente de Honra da Associação Lapérouse, Pierre Louis Bérard, ao prefeito Dário Berger em solenidade no Forte Santa Bárbara, sede da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, prestigiada por convidados franceses e representantes de instituições de Santa Catarina.

 

“Que este seja mais um momento para renovarmos nossas relações de amizade com a França. É uma grande honra receber e abrigar o busto de Lapérouse para marcar o resgate da história de sua passagem por Florianópolis”, falou o prefeito Dário Berger. “Meu desejo é que esses objetos (medalha, busto e quadros) sejam colocados no Forte São José da Ponta Grossa, que é o local onde Lapérouse aportou”, observou em seguida, Pierre Bérard.

 

Corrente Lapérouse

 

O almirante Pierre Louis Berárd foi presidente em exercício do Museu Lapérouse de 1996 a 2004, e é o idealizador do busto e das homenagens internacionais em memória da expedição de circum-navegação. O baixo relevo de 65 centímetros, em resina sólida cor bronze, pesando cerca de sete quilos, foi criado pela Associação Lapérouse especialmente para presentear as cidades-escala que integraram a rota da expedição francesa no século 18.

 

O marco em memória da “Corrente Lapérouse”, incluindo o busto do navegador e uma placa com textos em português e francês, pretende relembrar a epopeia marítima ligando países como Rússia, Japão, Brasil e a região da Nova Caledônia, entre outros locais por onde a expedição passou. A obra deverá compor um monumento, acessível ao público, a ser erguido no Norte da Ilha, na área do forte hoje administrado pela Universidade Federal de Santa Catarina, e “à altura da importância que Lapérouse teve para a história de Florianópolis”, garantiu a secretária de Cultura e Arte da UFSC, Maria de Lourdes Borges.

 

Citando trechos de relato deixado pelo navegador francês sobre a Ilha de Santa Catarina, o superintendente da Fundação Franklin Cascaes, Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, ressaltou que muitos textos e desenhos feitos pela tripulação foram enviados por terra à França. “Essa atitude providencial garantiu que pudéssemos conhecer mais sobre o modo de vida dos habitantes de Florianópolis, naquela época Nossa Senhora do Desterro”, disse Pinto da Luz, lembrando que logo após essa remessa as embarcações naufragaram.

  

Lapérouse na Ilha de Santa Catarina

        

Jean-François de Galaup, Conde de Lapérouse (1741-1788), nasceu em Albi, na França e entrou na Marinha aos 15 anos, em 1756. Destacou-se como oficial durante o conflito contra a Inglaterra e na guerra de independência americana em 1778. Entretanto, tornou-se mais conhecido pela expedição que empreendeu ao redor do mundo sob ordem do rei da França, Louis XVI.

 

Entusiasmado com as viagens do navegador francês Louis Antoine de Bougainville e do inglês James Cook, o rei ordenou uma viagem em volta ao mundo em 1785. Sob o comando do Conde de Lapérouse, duas fragatas – a Astrolabe e a Boussole – foram equipadas com laboratórios para elaborar estudos científicos, trazendo a bordo 110 oficiais, entre eles muitos botânicos, artistas e cientistas.

 

A expedição, considerada uma das mais importantes de caráter humanista, durou três anos, percorrendo todos os oceanos do globo. Na América do Sul, Lapérouse aportou na Ilha de Santa Catarina, onde ficou de 6 a 19 de novembro de 1785. A passagem resultou em uma interessante narrativa sobre a Ilha e os costumes dos moradores locais, além de muitos desenhos feitos por membros da tripulação.

 

Após a escala na Austrália, em março de 1788, não se teve mais notícias das duas fragatas, que naufragaram quando já estavam finalizando a missão. Porém, durante uma escala na Rússia, Lapérouse havia enviado por terra toda a documentação sobre a viagem– material que anos depois viria a ser publicado por ordem do governo francês. Somente em 1826 foi descoberto o local do naufrágio e encontrados os destroços das embarcações, em Vanikoro, no meio do Pacífico Sul.


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