07/12/2009 - SME - Educação
Reportagem sobre Educação Inclusiva ganha Prêmio
Esta reportagem, do Jornal Imagem da Ilha, foi vencedora do 7º Prêmio IGK Trata dos avanços na política municipal de educação inclusiva de Florianópolis, sob a coordenação da Secretaria de Educação.

foto/divulgação: DEF

7º Prêmio IGK - Educação Inclusiva

 

Diferentes sim, mas com direitos iguais

Política municipal de educação inclusiva vem permitindo que estudantes com necessidades especiais frequentem as aulas em classes comuns do ensino regular Publicada em 19-07-2009

 

As crianças e adolescentes com necessidades especiais vêm conquistando seus direitos. Embora o processo de educação inclusiva seja lento, e ainda existam muitos pontos a melhorar, ele vem acontecendo e diminuindo as diferenças, permitindo que elas tenham acesso às mesmas informações que crianças sem nenhum tipo de deficiência. Em Florianópolis, cerca de 400 crianças especiais freqüentam as classes comuns do ensino regular. A política municipal de educação inclusiva da cidade é referência nacional.

A “Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva” foi elaborada pelo Ministério da Educação e está em vigor apenas desde 2008. Antes dela estar valendo, em muitas cidades brasileiras profissionais já uniam esforços para fazer valer o direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando sem nenhum tipo de discriminação. Foi assim com Florianópolis, que teve sua primeira equipe de educação especial em 1988. “Desde então ela foi se modificando, se aperfeiçoando. Hoje, seguimos as diretrizes da política nacional”, afirma Adriana Argenta, assessora pedagógica da gerência de educação inclusiva da Secretaria de Educação da Capital.

A educação inclusiva de Florianópolis está construída sobre três eixos de trabalho. O atendimento educacional especializado acontece nas salas multimeios, freqüentadas pelos alunos especiais fora do horário da aula. Adriana explica que é nestas salas que eles recebem suporte para acompanhar o ensino regular. Eles são estimulados e treinados para utilizar as ferramentas de auxílio ao aprendizado, como por exemplo o Braille, sistema de leitura através do tato utilizado pelos cegos. São 18 salas, divididas em pólos, que atendem as mais de 100 unidades da rede municipal, incluindo Educação Infantil, Ensino Fundamental e os grupos de EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Todos os professores das salas multimeios e os profissionais que trabalham diretamente na Gerência têm graduação em educação especial ou formação em Pedagogia e habilitação em educação especial. “Esta infelizmente não é uma realidade no Brasil, mas em Florianópolis é hoje uma exigência”, explica Adriana. Estes profissionais estão preparados para lidar com os mais diferentes tipos de deficiência, incluindo mental, visual, auditiva, física, entre outras.
O segundo eixo é o assessoramento educativo à comunidade, que abrange professores, colaboradores e as famílias das crianças com deficiência. A terceira área de trabalho inclui a produção de materiais, como livros em Braille.

 

Livros em Braille para todas as escolas de Florianópolis



A adaptação de livros didáticos para o Braille feita pelo Centro de Apoio pedagógico (CAP), da gerência de educação inclusiva, é um trabalho especializado e minucioso. Mas a certeza de permitir que crianças cegas acompanhem o ensino regular através destes livros é a grande motivação da enxuta equipe encarregada do trabalho. O CAP de Florianópolis existe desde 1986 e hoje produz livros e apostilas para crianças da educação infantil ao Ensino Médio de todas as unidades de ensino da cidade, seja municipal, estadual ou particular.

Este ano serão 75 livros, sem contar as provas, o material avulso e as provas de concursos, que também cabem ao Centro. Cinco alunos da Educação Infantil, seis do Ensino Fundamental e quatro do Ensino Médio estão estudando através dos livros adaptados pelo CAP. As crianças menores recebem livros de histórias adaptados, com desenhos em alto relevo e com algumas palavras em Braille, para já irem se adaptando à linguagem. Os livros ficam com as crianças, não sendo reutilizados por outro aluno, pois têm uma curta vida útil, desgastando-se facilmente pelo contato.

A descentralização da produção facilitou da demanda do município. Eliane Maria Silveira, coordenadora do CAP, explica que as cidades que não contam com centros de apoio acabam dependendo de uma produção nacional ou da Fundação Catarinense de Educação Especial. Ela conta que o objetivo futuro é ampliar a produção para atender a Grande Florianópolis.

Os livros passam por vários processos antes de chegarem nas mãos dos alunos. Entre eles está o de adaptação tátil. Neste quesito, os de disciplinas como Geografia, Química, Matemática, Física e Ciências são os mais trabalhosos, segundo Eliane. Gravuras são descritas em Braille e desenhos de partes do corpo humano e mapas recebem atenção especial, impressos um a um em uma máquina especial à base de calor. Depois de prontos, os livros são revisados por dois profissionais cegos para garantir a sua eficácia.

Até 2011, o CAP de Florianópolis estará também produzindo livros em áudio, recomendados pelo MEC a partir da 5ª série do Ensino Fundamental. “Eles não irão substituir o livro em Braille, serão uma opção a mais. Acho eles bárbaros para o ensino superior, pois os em papel são muito volumosos e o aluno precisaria carregar apenas de um pendrive”, opina.

 

                                                                                             Andréa Fischer