Assessoria de Políticas Públicas para Igualdade Racial e Combate a Intolerância Religiosa
O presidente do bloco carnavalesco Ilê Aiyê, de Salvador (BA), conhecido como Vovô, estará em Santa Catarina para conhecer a história dos negros da região sul afim de usar esse tema como enredo do bloco para o carnaval de 2012.
Vovô do Ilê estará em Itajaí dia 20, quarta-feira, às 14h, em local a confirmar, e em Florianópolis dia 21, quinta-feira, às 14h, no ático do prédio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Av. Mauro Ramos, 1277. Para a reunião em Florianópolis, solicitamos confirmação da presença até o dia 19.
Você também é nosso convidado para participar destas reuniões que tem o intuito de reunir lideranças do movimento social negro do estado, presidentes de clubes negro, historiadores, pesquisadores, entre outras.
Sobre o Ilê Aiyê
O Bloco Carnavalesco Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil, ao longo de seus 36 anos de existência, levou às ruas de Salvador durante o Carnaval diversos temas relativos à história e culturas de países africanos, além da história das organizações de resistência negra no Brasil e na diáspora.
Esta ação afirmativa implementada pela entidade vem contribuindo com o fortalecimento da identidade dos afro-descendentes, transmitindo conhecimentos, fazendo educação de massa com suas canções, elevando a estima da população, minimizando as distorções e equívocos que a historiografia oficial sustentou ao longo dos séculos, acerca da história da África e dos seus descendentes na diáspora.
No último carnaval, o Ilê mostrou a História de Resistência Negra de Minas Gerais, sua riqueza cultural e suas manifestações de origem africana como congadas e reisados pelas suas lendárias personagens do passado e do presente, a exemplo de Xica da Silva, Xico Rei, Pelé, Milton Nascimento, dentre outros.
Carnaval 2012
Para o Carnaval de 2012, o Ilê Aiyê retoma mais uma vez a temática brasileira, escolhendo os três estados do sul do país, que não são somente a ”terra de imigrantes europeus” e seus descendentes, mas também de um significativo contingente populacional afro-descendente, oriundos de comunidades quilombolas e negros libertos que lutaram na guerra do Paraguai, na batalha de Porongos, Farroupilhas e se caracterizam pelo heroísmo anônimo, invisibilizados pelo preconceito e com histórias que precisam ser conhecidas e reconhecidas pelo Brasil.
O estado de Santa Catarina, apesar de contar com o menor percentual de população negra, dentre os estados do sul (11,7%), conta com um número elevado de comunidades quilombolas datadas do séc. XVIII, que salvaguardaram a cultura popular negra: a dança do Cacumbi, as festa populares de santos católicos, os festejos acompanhados de danças, batuques e coroações de Reis e Rainhas negros, memória de uma África real. A Invernada de Negros foi a primeira comunidade catarinense a receber, em 2004, a certificação de auto-reconhecimento como remanescente de quilombo.
O Paraná, que conta com a existência em seu território de noventa comunidades quilombolas, é o estado mais negro do Sul do país, com 24%. Em 1853, quando ocorreu a emancipação política do Estado, 40% da população paranaense era negra. A Congada da Lapa – uma das cidades históricas do Paraná – com as Irmandades Religiosas, coroação do Rei Congo, festas, rituais e tradições populares são a prova viva da força e presença da cultura negra e seus desdobramentos nesse estado.
O negro marcou a sua presença no Rio Grande do Sul nas artes, na política, no linguajar, na culinária, na história, mas é na religiosidade popular que se encontra a cultura negra mais notoriamente. Apesar da presença negra nesse estado somar 15,5%, a força das manifestações como as congadas, o carnaval cheio de ginga e samba no pé, os clubes, as escolas de samba, as lendas das Torres Malditas, do Negrinho do Pastoreio e da Santa Josefa, são referências de resistência negra.
Os terreiros de Batuque em Porto Alegre proliferam e hoje somam mais de 50 mil.
O Ilê escolheu os negros do sul como tema para o Carnaval de 2012 por reconhecer a grande riqueza cultural de raiz africana presente nas manifestações desses estados, significando para o Ilê a continuidade e coerência com sua missão em divulgar e expandir as culturas de origem africana e seus desdobramentos nas mais variadas formas.
Durante o Carnaval 2012, o Ilê mostrará ao público um espetáculo rítmico, plástico, musical e coreográfico das manifestações negras do sul, traduzidas nas canções, na batida da Band’aiê, na estampa dos tecidos, no figurino e adereços dos três mil foliões, reafirmando o tema em questão: NEGROS DO SUL: LÁ TAMBÉM TEM!