15/02/2015 - Eventos
Carnaval: Consulado traz o carvão para a passarela
Samba é cantado pelo público e bateria faz jurado se levantar para aplaudir

foto/divulgação: Mauro Vaz/PMF

Desfile da Consulado

Quando começou o desfile da Consulado, havia um visível aumento no número de pessoas nas arquibancadas. Coincidência ou não, a empolgação aumentou proporcionalmente. Era fácil ouvir o simpático refrão do samba da escola ser cantado pelo público, mas em compensação a chuva também aumentou proporcionalmente.

 

Mas parou quando a bela e bem ensaiada comissão de frente atingiu a área da imprensa. Logo atrás, o primeiro casal de mestre sala e porta-bandeira chamou a atenção com um traje luxuoso e faiscante. Chamou mais atenção, porém, um tiranossauro rex de 5 metros de altura, que veio em seguida.

 

O Grêmio Recreativo e Escola de Samba Consulado entrou na passarela com o enredo “E vem de lá, do centro do mundo, a força de um povo” para apresentar os aspectos relacionados à extração do carvão mineral: a questão mitológica, a formação, a descoberta e os desdobramentos. Por extensão, o samba da escola presta uma homenagem à cidade de Criciúma, não por acaso a capital catarinense do carvão mineral. 

 

Fundada em 1986 – sucedânea de um bloco carnavalesco criado nove anos antes por funcionários da Eletrosul – a Consulado levou o primeiro de seus seis títulos do Carnaval florianopolitano cinco anos após a fundação, com o enredo “Apesarde tudo”. Em 2014, foi a quarta colocada, levando o império Ashanti – e a rainha de bateria Viviane Araújo – para a passarela.

 

Vem de lá... Do "solo sagrado" o limiar da inspiração

Chama viva que incendeia

Pra Deusa do fogo clareia é adoração

Acalanto para o homem o seu calor

Na luta contra o frio e a dor

Se fez essencial: o carvão mineral!

Viajando pelo tempo chegou

Ao berço da revolução

E o mundo conquistou

Seguindo rumo à evolução

 

Segundo a mitologia grega, Zeus castigou os ciclopes, fuzilando-os com seus raios – raios, aliás, forjados pelos próprios ciclopes, gigantes que trabalhavam com Hefesto como ferreiros. Soterrados, os gigantes com um único olho no centro da testa acabaram tranformando-se em carvão.

 

Para além (ou aquém) da mitologia, o carvão é uma rocha sedimentar combustível, de cor preta ou marrom, formada por uma complexa e variada mistura de componentes orgânicos sólidos, fossilizados ao longo de milhões de anos. É composto basicamente por carbono, mas contém quantidades variáveis de enxofre, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, além de elementos vestigiais. Quanto maior o teor de carbono, mais puro é considerado o carvão mineral.

 

Para homenagear tudo isso – os ciclopes soterrados e a rocha sedimentar – a Consulado trouxe para a passarela três carros alegóricos: o abre-alas, com a descoberta do carvão mineral, o segundo sobre a extração do carvão e o terceiro, Cidade Multicultural, enaltecendo Criciúma. O enredo passou pelo paleolítico, pela Inglaterra da revolução industrial, pela China (maior produtor mundial) – a ala de crianças, aliás, vem carregada de “chinesinhos” – e pela Rússia (detentor da maior jazida de carvão do mundo), desembocando em seguida logo aqui no Sul do Estado.

 

A bateria – todos vestidos como mineiros – empolgou com seus longos breques. Teve jurado que se levantou para aplaudir. Mas as duas últimas alas - incluindo aí a Velha Guarda da escola - tiveram de apressar o passo para não poder o tempo de desfile.


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