26/06/2015 - RESIDUOS - Continente
Produção orgânica como política pública na Capital
Primeiro passo é incluir feira orgânica no projeto Viva a cidade

foto/divulgação: Adriana Baldissarelli

Reunião na CDL sobre recuperação de orgânicos e implantação de hortas urbanas

O presidente da Companhia Melhoramentos da Capital, Marius Bagnati, vai defender em reunião do colegiado da Prefeitura Municipal de Florianópolis proposta para inclusão de produtos orgânicos no projeto Viva a Cidade que todo sábado movimenta o Centro da Capital. A medida é o primeiro passo para conectar negócios colaborativos, organizações sociais, iniciativa privada e poder público ao objetivo de tornar Florianópolis a capital com melhor qualidade de alimentação. A cidade que já tem os melhores indicadores de saúde e educação, pode se tornar referência em recuperação de resíduos úmidos para a produção de alimentos orgânicos em espaços urbanos.

 

A proposta foi submetida e validada em reunião na CDL de Florianópolis com mais de uma dezena de organizações ligadas à produção agroecológica e à compostagem de resíduos orgânicos, na manhã desta sexta-feira. “Vamos propor ao prefeito Cesar Souza Junior que a produção orgânica de alimentos se torne uma política pública em Florianópolis, para isso precisamos saber quantos já produzem, quantos fazem compostagem e como podemos juntar essas iniciativas”, indicou Bagnati.

 

Cidade que não só consome, mas produz

 

O engenheiro agrônomo Marcos José de Abreu, responsável pelo eixo urbano do Cepagro, ponderou que está na hora de “pensar uma cidade que não só consome, como produz alimentos”. Ele reconheceu a importância do momento, como esse, em que a Comcap institucionaliza o trabalho com orgânicos. “Vimos lutando há muito tempo para melhorar a alimentação e para que o que sobrar vire compostagem, então se conseguirmos tornar essa uma política pública teremos cumprido nosso papel de ONG”, resumiu Marquito.

 

Na ocasião, o gestor de Negócios da CDL, Hélio Leite, observou que desde 2010, antes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, o Grupo Interinstitucional de Gestão de Resíduos Sólidos (GIRS) se reúne para criar soluções na Grande Florianópolis. “O GIRS só pode existir porque a Comcap, que é operadora pública, a única operadora de todo município, sempre foi parceira, mesmo não tendo essa obrigação de parar e discutir suas estratégias”, observou.

 

Foco agora na recuperação de orgânicos

O presidente da Comcap, Marius Bagnati, lembrou que Florianópolis foi a primeira cidade do Brasil a implementar coleta seletiva, em 1986, mas ainda hoje apenas 7% do total de resíduos produzidos em Florianópolis são desviados do aterro sanitário. “A coleta seletiva foca nos recicláveis secos, mas praticamente 100 mil toneladas de resíduos que mandamos por ano para o aterro sanitário, ao custo de R$ 131 por tonelada, são matéria orgânica que poderia ser recuperada. Principalmente aquela produzida por grandes geradores como restaurantes ou feiras e supermercados”, apontou.

 

Em paralelo, no final da década de 80, a Comcap desenvolveu expertise nas áreas de abastecimento popular, estimulando a produção agrícola na Ilha, como em Ratones, em parceria então com a Acaresc, hoje Epagri, e Cidasc. “Entre o produtor e o consumidor naquela época havia até cinco intermediários, o que tornava o produto muito mais caro.” As feiras estimuladas à época pela Comcap evoluíram para a rede Cestão do Povo, hoje Direto do Campo, que foi a primeira experiência do país com preços populares e tabelados de hortifrutigranjeiros.

 

Voltar a aproximar produtor do consumidor

Nada muito diferente do que precisa voltar a ser feito hoje só que com produção orgânica, estabeleceu Bagnati. O Brasil se tornou campeão mundial de uso de agrotóxicos, por conta da necessidade de produção de alimentos em alta escala. “As pessoas querem consumir alimentos mais saudáveis, mas os preços diferenciados dos orgânicos ainda as impede”, ponderou.  Basicamente, disse, o que a Comcap pretende é aproximar o produtor do consumidor. “Muitas vezes, com a compostagem, a solução disso está dentro do próprio quintal, mas se for preciso vamos implantar hortas em áreas públicas e até privadas com incentivos por ação ambiental.”

“O objetivo é grande: tornar Florianópolis a capital com melhor qualidade de alimentação. Estamos aqui para fazer uma revolução verde”, propôs.

 

Hoje, já há manifestação de interesse para implantação de coleta diferenciada e tratamento descentralizado de orgânicos na Daniela, Rio Vermelho, Santa Mônica, Córrego Grande e no Maciço do Morro da Cruz, localizou Bagnati. Também no Monte Verde, primeira comunidade da Ilha de SC a participar do projeto Beija-flor na década de 80.

 

 

Ações para implantação do projeto

 

  • Inclusão da feira de orgânicos no projeto Viva a Cidade
  • Envolvimento das comunidades
  • Educação ambiental
  • Estímulo à compostagem e hortas domiciliares
  • Coleta diferenciada e produção de hortas comunitárias
  • Produção de orgânicos para a merenda escolar
  • Feira de produtores

 

 

Ações complementares

 

  • Estímulo à compostagem e a hortas domiciliares
  • Revisão da legislação existente
  • Cadastro dos agentes envolvidos com o tema
  • Cadastro de áreas públicas
  • Suporte técnico da Cepagro e E.pagri
  • Regulamentação da coleta, transporte e tratamento
  • Instituição da agricultura urbana como política de governo
  • Instituição de certificação
  • Estimular educação ambiental