31/07/2015 - SC - Cultura
Renda de bilro: a tradição da Ilha no Mercado Público
Inaugurado nesta quinta-feira, o Armazém da Renda atrai quem passa pelo centro da Capital

foto/divulgação: Petra Mafalda / PMF

Bernardete no Armazém da Renda

O Armazém da Renda – espaço cultural inaugurado no Mercado Público nesta quinta-feira (30) - tem chamado a atenção de quem passa pelo Centro da Capital. Bernardete Martins, de 70 anos, observava com atenção as rendeiras trabalhando com os bilros. Lembrou-se de quando veio para Florianópolis e usou a técnica para sustentar a família.

Nascida em Santo Amaro da Imperatriz, Bernardete veio para a Capital aos 24 anos para se casar. A sogra, também rendeira, ensinou a técnica de bilro e o trabalho a acompanhou por mais de 25 anos. “Com o dinheiro das rendas de bilro que eu produzia, comprei enxovais completos para todos os meus quatro filhos. Nessa época, as pessoas valorizavam essa técnica. Infelizmente, hoje essa tradição tem se perdido”, disse.

Francis de Pinho e Dionam Pinho moram em Florianópolis há sete anos, no Ribeirão da Ilha, e conheceram a técnica de renda de bilro quando vieram residir na cidade. “Eu sou de Minas Gerais e o Dionam, do Amazonas, mas nunca vimos uma renda tão bonita como essa. Já faço ponto cruz mas tenho muita vontade de aprender a técnica da renda de bilro também, quem sabe agora terei a oportunidade”, afirmou Francis.

O Armazém da Renda

Criado pela Secretaria Municipal de Cultura, o Armazém da Renda vai abrigar exposições, acervo audiovisual e oficinas demonstrativas de renda de bilro, incentivando também o convívio social e o intercâmbio cultural entre as artesãs. O centro de referência tem como objetivo reconhecer e valorizar o ofício das rendeiras no mundo contemporâneo, fortalecendo as formas de transmissão de saberes e fazeres tradicionais referentes a essa produção artesanal em Florianópolis, que reúne cerca de 300 rendeiras em diversos núcleos nas comunidades.

Aspectos históricos e culturais envolvendo a atividade rendeira serão apresentados em exposição permanente no Armazém da Renda, por meio de painéis informativos que apresentam a dinâmica da produção, desde a coleta e beneficiamento da matéria prima para fazer os bilros, a almofada e o caixote, até os tipos de rendas e pontos mais comuns no feitio de toalhas, roupas, trilhos e peças em metro.

No local, o visitante também poderá ver algumas rendeiras produzindo e adquirir produtos feitos ao vivo pelas próprias artesãs ou nos núcleos formados nas comunidades. Toalhas de mesa, porta guardanapos, cerâmicas decoradas com renda, colares e os mais diversos produtos feitos com bilros estão expostos no boxe 78, na Ala Norte do prédio histórico, e os preços variam entre R$ 20,00 e R$ 300,00.


galeria de imagens