O Sistema Único de Saúde (SUS) completa 26 anos de implantação em meio a uma séria crise política, econômica e de identidade – quando se questiona a eficácia e a viabilidade de um modelo de atendimento universal com benefícios infinitos versus a capacidade de financiamento reduzida a cada ano. É um momento de reflexão sobre quais as saídas para a manutenção da assistência à população da maneira como ela existe hoje – e se haverá possibilidade de mantê-la da forma como foi concebida pela Constituição de 1988.
Não será tarefa fácil – nem rápida – promover as mudanças necessárias para tornar viável esse modelo. A população critica o sistema, exige mudanças e eficiência e não abre mão do direito pleno à saúde gratuita.
Mas quantos conhecem realmente o SUS na cidade onde vivem? O estudo Opinião dos Brasileiros sobre o Atendimento na Área da Saúde, feito em 2014 pelo Instituto Datafolha para o Conselho Federal de Medicina, mostra que as pessoas que se declaram não usuárias do SUS têm uma opinião mais crítica sobre o sistema do que aqueles que efetivamente o utilizam. Enquanto 68% dos não usuários dão nota de zero a 4 para o SUS, o mesmo índice cai para 52% entre os que se declaram usuários do sistema. Na outra ponta, 13% dos usuários e 7% dos não usuários dão nota de 8 a 10.
Na Secretaria de Saúde de Florianópolis, a crença é de que o debate e as profundas reflexões e mudanças que devem ocorrer no SUS são necessárias e urgentes. Mas esta discussão só será efetiva quando baseada no conhecimento desse sistema. Por isso, inspirada na série de reportagens sobre o SUS feitas pela Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Curitiba, inicia também uma sequência de matérias que pretende mostrar a complexidade da rede de saúde de Florianópolis, o trabalho e os resultados que a levam a ser referência nacional e internacional em atenção à saúde.
Florianópolis tem os melhores resultados em Atenção Primária à Saúde do Brasil, segundo pesquisa do Ministério da Saúde feita em 2015. Foi também a primeira capital do País a atingir 100% de cobertura populacional da Estratégia de Saúde da Família, também como preconiza o Governo Federal.
Na Média Complexidade, onde estão os exames, especialistas e alguns tipos de cirurgias, o trabalho para controle e redução das filas tem gerado resultados diretos à população - dos 47 serviços ofertados dentro das policlínicas, 24 são agendados em até 30 dias. Além disso, é no setor de Vigilância à Saúde que o SUS mostra a sua integralidade, sua atuação que abrange todas as pessoas – até aquelas que pensam não ser usuárias do sistema.
A ampliação do acesso à saúde, em meio a uma das mais graves crises políticas e econômicas vividas pelo país, aponta que os caminhos para a viabilização do modelo vão além do aumento do financiamento, mas também de estratégias eficazes e criativas para sua administração. Nas reportagens a seguir a Secretaria de Saúde de Florianópolis mostra como vem trabalhando para atingir esse objetivo.
LEIA MAIS
Atenção Primária: a base para uma vida com saúde
Média Complexidade: uma espera cada vez menor
Educação em Saúde: a chave para a qualidade
Vigilância e Dibea: aqui todos usam o SUS