17/12/2010 - FCFFC - Cultura
Origem do Boi de Mamão é tema de livro em Florianópolis
Obra sobre o folguedo catarinense foi lançada hoje (17/12), no Largo da Alfândega, dentro da programação do Encontro de Bois de Norte a Sul

foto/divulgação: Dieve Oehme

Livro foi divulgado em tarde de autógrafos no Largo da Alfândega

O boi de mamão, que tanto encanta crianças e adultos por onde se apresenta, pode ter chegado à Ilha de Santa Catarina por obra dos espanhóis que várias vezes estiveram em terras catarinenses entre os anos 1500 e 1800, e não por influência do bumba meu boi nordestino como defendem alguns pesquisadores. A revelação é um dos assuntos do livro ‘O Boi de Mamão, folguedo folclórico da Ilha de Santa Catarina – Introdução ao seu Estudo’, do professor e folclorista Nereu do Vale Pereira. A obra foi lançada nesta sexta-feira (17/12), no Largo da Alfândega, dentro da programação do Encontro de Bois de Norte a Sul – Ano 2.

 

Estudioso da cultura açoriana, o pesquisador também descarta a origem do folguedo nos Açores, contrariando o pensamento de muitas pessoas que divulgam a brincadeira, mais tarde incorporada  às tradições dos descendentes de açorianos que aqui vivem. “Nos Açores não existe o boi de mamão. Há brincadeiras com o boi de verdade, no campo ou na corda”, observa o escritor. Mas, segundo ele, o folguedo catarinense tem viés ibérico, mantendo algumas semelhanças com as corridas de touro como o Juego de La Vaquilla ou Toro de Mimbre, feito com bois falsos para iniciar jovens nos exercícios taurinos na Espanha – e bem diferente da forma ritualística e totêmica do bumba meu boi nordestino, que tem influência africana.

 

Com 188 páginas, o livro aborda as origens do boi de mamão como folguedo folclórico de Santa Catarina, assim como as formas de organização da brincadeira, desde a construção dos personagens e confecção do figurino, até a seleção das cantorias e treinamento dos cantores e dançadores para sair às ruas. Traz ainda ilustrações de obras feitas por artistas espanhóis no século 18, que mostram imagens de brincadeiras com bois falsos confeccionados em madeira, couro ou tecido.  A publicação é resultado da vivência como participante deste folguedo popular e de mais de 30 anos de pesquisas sobre o tema nos Açores, Portugal continental, Brasil e Espanha.

 

Publicado pela Associação Ecomuseu do Ribeirão da Ilha, o livro tem apoio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina (NEA/UFSC), Comissão Catarinense de Folclore, Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, Associação Literária Florianopolitana (ALIFLOR) e Academia Desterrense de Letras.

 

Sobre o autor

 

Natural de Florianópolis e descendente de açorianos, Nereu do Vale Pereira é economista, especializado em Planejamento Econômico, Sociologia e Planejamento Educacional, com pós-graduação em Ciência Humanas e Sociais. Foi professor  da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), entre outras instituições, além de ter atuado como vereador e deputado, tendo sido um dos fundadores do Partido Democrata Cristão em 1947.

 

Presidente da Comissão Catarinense de Folclore, Nereu do Vale Pereira é autor de dezenas de livros, artigos e vídeos sobre a cultura açoriana, com ênfase em Florianópolis e no Ribeirão da Ilha, onde dirige o Ecomuseu. Também é membro de diversas instituições culturais, entre elas, o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, Academia Desterrense de Letras (ADL), Academia Catarinense de Letras e Artes (ACLA), Associação Literária Florianopolitana (ALIFLOR), Conselho Estadual de Cultura e Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC.

 

 

Serviço

 

O quê: Lançamento do livro ‘O Boi de Mamão, folguedo folclórico da

          Ilha de Santa Catarina – Introdução ao seu Estudo’ (1ª edição)

            Nereu do Vale Pereira

            Associação Ecomuseu do Ribeirão da Ilha, 188 p.

            R$ 30,00

 

Quando: sexta-feira (17/12) – 16h30

 

Onde: Encontro de Bois de Norte a Sul – Ano 2

           Largo da Alfândega

 

Quanto: evento gratuito


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