Biblioteca Municipal Professor Barreiros Filho

18/11/2011 - Cultura
Cine ACELT na Biblioteca
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foto/divulgação:

O velho

No dia 23/11/2011, quarta-feira às 20:00 horas, no Auditório da Biblioteca M. Professor Barreiros Filho (Rua João Evangelista da Costa, 1160 – Coloninha) será exibido o filme: O Velho – A História de Luiz Carlos Prestes. A classificação é livre.

 

Sinopse: Uma história cinematográfica das esquerdas brasileiras. É isso o que se esboça nesse belo documentário vencedor do Festival É Tudo Verdade de 1997. A trajetória de Luiz Carlos Prestes, recontada por ele mesmo e por uma constelação de parentes, contemporâneos e também desafetos, lança uma luz particular sobre oito décadas da vida política brasileira. O filme de Toni Venturi se vale ainda de uma notável compilação de materiais de arquivo, muitos desconhecidos até então, e de curtas vinhetas ficcionais. No meio de tudo, as virtudes e os pecados de um líder que agitou as paixões no país, apesar de sua missão ter ficado sempre confinada às ante-salas da esperança.

 
O filme começa pelo fim da história. As imagens da queda do muro de Berlim representam o ocaso de uma idéia de mundo dividido entre capitalistas e socialistas, idéia esta que nutriu a chama e as fantasias de toda a vida política de Luiz Carlos Prestes. Quando O Velho – A História de Luiz Carlos Prestes foi realizado, o próprio Cavaleiro da Esperança já dividia com Marx e Lênin o céu dos comunistas. Tratava-se, portanto, de rememorar uma saga já concluída, uma página virada na História.

 

No entanto, este documentário não tem aquela cara cinzenta de coisa morta. Muito porque a vida de Prestes é contada com certa tonalidade épica e, ainda assim, sem a rigidez dos monumentos. Enquanto tudo na fala do Velho soa a certeza, muita coisa ao seu redor ondula em dúvidas, contradições, mal-entendidos. Demonstrações de fibra convivem com acusações de conduta política desastrosa. Heroísmo político caminha de braços dados com graves fissuras humanas nesta biografia acidentada.

 

Começando pelo fim, a narrativa do filme volta ao começo para percorrer, em ordem cronológica, uma trajetória de 92 anos. Um depoimento de Prestes a Nelson Pereira dos Santos, em 1985, é a principal fonte em primeira pessoa. Nove filhos e a última esposa, Maria Ribeiro, ajudam a formar o perfil de um homem dedicado prioritariamente à tentativa de implantar o comunismo no Brasil.

 

Outra razão pela qual O Velho – A História de Luiz Carlos Prestes não cheira a cadáver é que, bem ao contrário, existe algo que nasce com esse documentário. Toma forma aqui, pela primeira vez, uma história cinematográfica das esquerdas brasileiras. Prestes é o núcleo em torno do qual circula uma constelação de militantes, políticos e pensadores, a maioria dos quais ligados ao Partido Comunista (do Brasil e Brasileiro). Eles discutem momentos cruciais do pensamento de esquerda, como as rebeliões militares das décadas de 1920 e 1930; as ligações perigosas com Getúlio Vargas; o período de filiação direta a Moscou; a fase de ilegalidade; a oposição à luta armada durante a ditadura militar; o restabelecimento da normalidade por ocasião da Anistia.

A consciência comunista é examinada em episódios difíceis como a

deportação e morte de Olga Benario, ou as terríveis execuções de suspeitos de traição pelos militantes do PCB, algumas por ordem direta de Prestes. Não é, portanto, uma vida de santo a qual aqui se conta, mas o percurso de um radical em toda a sua complexidade. “Um stalinista empedernido”, diz o historiador Jacob Gorender. Um homem que chegou virgem aos 37 anos e cuja vida amorosa, ao que parece, dependeu sempre de que mulher o Partido colocaria em seu caminho.

 

Toni Venturi insere seu filme numa tradição de dossiê histórico que já havia rendido Jango e Os Anos JK – Uma Trajetória Política, de Silvio Tendler, embora com a admiração mais temperada pelo distanciamento. O texto de Di Moretti, narrado por Paulo José, confere eixo a uma extraordinária pesquisa de materiais de arquivo. Algumas rápidas ilustrações encenadas enfatizam principalmente o vazio e as ruínas de um projeto de nação que não chegou sequer a se esboçar.

A cada abertura de bloco, vemos detalhes de um hobby praticado por

Luiz Carlos Prestes, o de plantar rosas vermelhas. Em dado momento, um dedo é ferido por um espinho. Embora metáforas não costumem ser bem-vindas em documentários, é preciso reconhecer a boa idéia. Prestes, de fato, sofreu a permanente decepção com os sonhos que cultivava. Ele, que tanto conspirou para mudar a História, teve a História seguidamente conspirando contra ele.

 

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