Secretaria Municipal de Limpeza e Manutenção Urbana

31/10/2023 - Cemitérios
Prefeitura melhora operação e limpeza dos cemitérios municipais
Cemitério São Francisco, maior do Estado, estimula visitação e cuidado das famílias

foto/divulgação: Adriana Baldissarelli/Divulgação Comcap/SMLMU

Preparação para Finados

Para superar o colapso de vagas e melhorar o atendimento às famílias, a Prefeitura de Florianópolis tem investido em rotinas de melhoria dos 13 cemitérios municipais que somam 137 mil metros quadrados. Com serviços regulares de manutenção e limpeza, estimula a visitação em todos os bairros, e especialmente, ao Cemitério São Francisco de Assis.

 

O maior cemitério de Santa Catarina tem 98 mil metros quadrados, 35 mil jazigos e 75 mil pessoas sepultadas.

 

No Dia de Finados, os cemitérios municipais operam com horário estendido, abrem às 7h e fecham às 19h. A administração do Cemitério São Francisco vai até 17h.

 

Este ano, aponta o secretário municipal de Limpeza e Manutenção Urbana e presidente da Comcap, João da Luz, houve esforço para manter os cemitérios limpos o ano todo, mesmo assim semana passada ocorreu força-tarefa das 18 intendências para roçar e limpar o São Francisco, no Itacorubi, e o São Cristóvão, em Capoeiras.

 

“Todos os cemitérios municipais estão preparados para receber as famílias, com água para a lavação dos túmulos, com sanitários disponíveis. Está tudo pronto desde sexta-feira”, afirma João da Luz.

 

O Cemitério do Itacorubi, num trabalho em parceria com a vigilância sanitária estadual, zerou os focos de mosquito Aedes Aegypti, vertor da dengue e outras doenças. “As pessoas precisam colaborar para manter este status livre do mosquito, fazendo furos nos vasos ou mesmo substituindo-os por velas”, orienta o secretário.

 

As principais medidas para evitar focos do mosquito em cemitérios são furar vasos ou porta-velas, não utilizar plantas que acumulem água, como bromélias, retirar as embalagens plásticas e de celofane dos arranjos de flores e retirar os pratinhos dos vasos de planta. As medidas evitam o acúmulo e fazem com que a água possa escorrer. 

 

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Ajuda na manutenção

Fora os mutirões das intendências, a Diretoria de Gestão de Óbitos e Cemitérios da Secretaria Municipal de Limpeza e Manutenção Urbana opera o Cemitério São Francisco com três auxiliares operacionais da Comcap e quatro coveiros e com a colaboração de mais de 100 pessoas do Programa de Prestação de Serviço à Comunidade (PSC).

 

Reeducandos da Central de Penas e Medidas Alternativas (CPMA) contribuem conforme disponibilidade e aptidão e tem sido essenciais para zerar os focos de mosquito e até para digitalizar os registros e livros.

 

O quase centenário Cemitério São Francisco tem como maior desafio a falta de regularização de documentos. Para isso, tem convidado as famílias a verificar seu título de posse. “Muitas famílias ignoram a necessidade de regularizar o aforamento. Há títulos que foram providenciados pelo avô, por exemplo. Se este já morreu, precisam comparecer e tornar outro membro da família apto a autorizar situação relacionada ao cemitério”, aponta o secretário municipal de Limpeza e Manutenção Urbana e presidente da Comcap, João da Luz.

 

Inventário dos registros

Em novembro de 2025, o Cemitério do Itacorubi completa 100 anos. A quase centenária história do cemitério do Itacorubi está registrada em 70 livros que estão em processo de digitalização. Assim como estão sendo inventariados os registros em outros 40 livros referentes aos demais cemitérios municipais.

 

Hoje são registrados entre 400 e 450 óbitos por mês na capital. Em torno de 100 sepultamentos são encaminhados para fora da cidade, os demais ocorrem no município. 

 

Para visitar sempre

 “Cemitérios são locais de memória pessoal e cultural, queremos que as pessoas possam visitá-los com segurança em Florianópolis”, comenta João da Luz. A ideia é que o ambiente seja tão bem cuidado que incentive a expressão do luto e a celebração da memória dos falecidos.

Em muitas cidades fora do Brasil, aliás, observa Laura Brueckheimer dos Santos, da Associação do Cemitério da Comunidade Alemã de Florianópolis (Accaf), os cemitérios são usados como jardins ou parques. “As pessoas comem suas marmitas, tomam sol entre um turno e outro de trabalho. Aqui no Itacorubi tem tanta gente no entorno, mas falta esse costume de frequentar e valorizar o cemitério como espaço de afeto, memória e cultura”, sugere Laura.

Ao contrário, lamenta a empresária e voluntária na Accaf, o esforço é para que a sociedade pare de abandonar seus mortos. “Não são os gestores e a prefeitura que abandonam os entes, mas sim as pessoas, os familiares. Esse abandono conta muito na gestão de todos os cemitérios, não só particulares, como públicos”, afirma Laura.

 

Evitar abandono das sepulturas

Hoje, o morador precisa de R$ 1.064,00 para sepultar familiar por 30 anos no Cemitério do Itacorubi. Para abrir jazigo, é obrigatório comparecer à administração do cemitério depois de ter passado pela Central de Óbitos. A cessão deixou de ser perpétua para valer por 30 anos.

Para evitar abandono e falta de espaço para novas sepulturas, a administração do Cemitério São Francisco tem regularizado os registros de propriedade. Quem tem aforamento (pagou pelo espaço) garante o direito de sepultar quem precisar no prazo de 30 anos.  Depois disso, perde a cessão. Pode até passar a propriedade para parente em primeiro grau, mediante novo pagamento de cessão de uso no valor de R$ 1.064,00.

A taxa de R$ 1.064,00 é praticada no Cemitério São Francisco e no São Cristóvão, de Coqueiros. Nos demais, a concessão de uso por 30 anos custa metade do valor, R$ 532,00.

“Nos cemitérios municipais não podemos manter espaços vazios se há famílias com urgência para sepultar um ente. Aqui é diferente dos privados, onde a pessoa compra para o dia que precisar. Aqui prevalece o interesse público”, explica o diretor de Gestão de Óbitos e Cemitérios da Secretaria Municipal de Limpeza e Manutenção Urbana, André Brida.

Pela mesma razão, não tem valor ou reconhecimento pela administração do cemitério, eventual venda de espaço por antigos proprietários que tenham optado pela exumação e cremação de restos mortais.

“O critério é bem simples: não se pode manter espaço vazio no Cemitério do Itacorubi e só se disponibiliza espaço mediante sepultamento. É assim que tentamos inibir negócios à revelia da administração formal dos cemitérios”, esclarece Brida.

Nos casos em que os proprietários compraram títulos de concessão no passado e não fizeram sepultamentos, a administração recomenda que o aforamento seja validado. Também pessoas que compraram, mas não têm documento devem comparecer. Para isso, a administração do Cemitério São Francisco oferece atendimento presencial às quartas e quintas das 8h às 12h e das 13h às 17h.

 

Cemitério dentro do cemitério

O Cemitério do Itacorubi acolhe 800 sepulturas da comunidade luterana. Mantido pela Associação do Cemitério da Comunidade Alemã de Florianópolis, a gestão é autônoma e tem oferecido troca de experiências à administração municipal. Há em Santa Catarina pelo menos 60 cemitérios teuto-brasileiros criados a partir de 1829 e até as primeiras décadas do século XX, de acordo com a historiadora Elisiana Trilha Castro.

O espaço dentro do Cemitério Itacorubi foi doado pela família Hoepcke e inclui o memorial onde estão sepultados o ex-governador Aderbal Ramos da Silva e sua mulher, Ruth Hoepke da Silva. 

Antes, eram sepultadas só pessoas de origem germânica, até porque os luteranos não tinham espaço nos cemitérios católicos, mas a gestão atual não faz mais distinção por etnia, conta Laura Brueckheimer. Segundo ela, há inclusive Yong Ree, que fugiu da Guerra da Coreia, nos anos 50, enterrado ali.

“Parece mais fácil colocar a culpa no poder público, mas são as pessoas que abandonam seus mortos, visitando-os quando muito uma vez ao ano, no dia de finados”, lamenta Laura. “O colapso das vagas em cemitérios tem a ver com a sociedade que quer se livrar de quem já morreu e com as dificuldades da gestão de fazer a limpeza e manutenção o ano inteiro.”

Dentro do Cemitério do Itacorubi, também há alas administradas pelas  irmandades Nossa Senhora do Rosário, do Espírito Santo, Nossa Senhora da Conceição, Divina Providência, Monte Serrat, Ordem Terceira.

 

Toda a rede de cemitérios

A administração municipal cuida de 13 cemitérios, sendo que alguns como Barra da Lagoa, Campeche e Ribeirão são bem menores, atendem basicamente a comunidade. O de Capoeiras tem 22 mil metros quadrados.

Também está em andamento consulta à Mitra Diocesana sobre cessão dos cemitérios hoje geridos pelas irmandades católicas em Santo Antônio de Lisboa, Ribeirão da Ilha, Canasvieiras, Rio Vermelho e Campeche.

Todos os cemitérios, aponta André Brida, têm manutenção regular com roçagem e remoção de resíduos. A manutenção dos jazigos, incluindo evitar o acúmulo de água em vasos e flores plásticas, é de responsabilidade das famílias.

 

Rotinas de melhoria

A roçagem tem conseguido manter em boa condição o cemitério. “A cada dois meses, vem uma equipe maior e vamos mantendo, a limpeza melhorou 90%”, garante André Brida.

Novas melhorias estão sendo programadas, informa o secretário João da Luz. A partir de proposição do vereador Diácono Ricardo em contato com a Mitra Diocesana, deverá ser implantado espaço coletivo e ecumênico para as exéquias no Cemitério São Francisco de Assis. O espaço terá condições de receber padres e pastores para cerimoniais religiosos.

Para facilitar o acesso ao atendimento funerário, também foi ampliada a área de estacionamento.

 

“Pássaros também cantam”

“O cemitério não é lugar só de dor, aqui os pássaros também cantam”, costuma dizer o chefe do Departamento Operacional de Cemitérios, Luiz Dorizete Pinto. Aliás, talvez por inspiração do nome, os animais têm espaço de afeto no Cemitério São Francisco de Assis. O “aumigo” Pe, que durante 14 anos, acompanhou a movimentação dos coveiros e demais trabalhadores, morreu há alguns meses e ganhou pequeno jazigo na entrada do cemitério. Sobre o qual, brincam os novos pets Tico e Teco. 

Há cinco anos, está autorizado o sepultamento de animais domésticos no Cemitério do Itacorubi, desde que a família dos tutores tenha jazigo regular. Para abrir o jazigo é necessário recolher taxa de R$ 45.

 

Destinação de corpos de pets

Para quem não possui ou não quer usar o jazigo, a indicação é contratar serviço particular de funerária de animais, para que sejam cremados ou depositados em valas sépticas.

 

Moradores de Florianópolis também podem entregar de forma gratuita animais domésticos mortos no Centro de Valorização de Resíduos (CVR), na Rodovia Admar Gonzaga, 72, no Itacorubi, das 7h às 19h, de segunda a sábado.

Nesse caso, o animal será descartado pelo munícipe em recipiente fechado, exclusivo para esta finalidade, indicado pela Superintendência de Coleta de Resíduos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento (clique para ver orientações).

O corpo do animal deverá estar devidamente embalado em saco plástico resistente de cor preta e será destinado ao aterro sanitário por meio da estação de transbordo do Centro de Valorização de Resíduos (CVR).

São considerados animais domésticos cachorros, gatos, pássaros, anfíbios, répteis, coelhos e roedores como os exóticos que convivem dentro do ambiente domiciliar.

 

Atendimento às famílias

De acordo com o administrador André Brida, todos trabalham sabendo que a prioridade é atender bem as famílias no momento difícil de perda de um ente querido. “Primeiro disponibilizamos espaço, depois cuidamos da parte financeira. Nenhuma família pobre ficará sem gaveta para sepultar”, garante.

Simon Rosa Pereira e Luciano Pedro Leal são empregados da Comcap e até preferem trabalhar no cemitério que na rua. Ali a atividade é de roçagem, limpeza das lixeiras, remoção de coroa de flores, capim, galhos de árvores que caem, restos de concreto no meio dos túmulos, vasos que acumulem água.

No inverno, admitem, é muito mais tranquilo, porque o mato cresce menos, mas por outro lado caem mais folhas das árvores.

Luiz Marcos Antônio Scotti diz que hoje é feito trabalho sincronizado de roçagem, começa na parte de baixo, vai subindo por quadras até completar os 98 mil metros quadrados. A cada quadra, a equipe circula e traz para centro serviço de roçagem para remoção.

Luciano Mendes comenta que a dificuldade no serviço de roçagem é a mesma, mas que no cemitério o trabalho acaba sendo mais seguro do que na rua.

 

Coveiro a vida inteira

Ênio Vilpert trabalha há 45 anos como coveiro no Cemitério do Itacorubi. Já se acostumou com quase tudo, superou preconceitos, só não lida bem com enterro de criança.

“Só trabalhei aqui, a vida toda. No começo é ruim, depois acostuma, aí não tem mistério nenhum. Quando se faz sepultamento criança é o pior momento, o resto acostuma, tudo é relativo. Já teve muito preconceito, mas nunca liguei para isso não”, conta o servidor municipal.

Ele começou a trabalhar ainda solteiro, não tinha estudo, foi dali que criou seus três filhos, todos formados na universidade. Entre as coisas que impressionam Vilpert, está a trágica ironia que o primeiro corpo enterrado no Itacorubi, em 18 de novembro de 1925, tenha sido de Waldemar Viegas, o mesmo que projetou o cemitério.

Depois disso, foram feitos 75 mil sepultamentos já, incluindo ex-governadores como Aderbal Ramos da Silva, Celso Ramos, Jorge Lacerda e também a deputada Antonieta de Barros. Na lápide, mostra ele, além da professora, jornalista, ativista pelo voto feminino e primeira mulher negra a assumir mandato popular no Brasil, enterrada em 29 de março de 1952 aos 50 anos, estão sua mãe, Catarina, e irmã Leonor.

É um dos túmulos mais procurados por jornalistas e historiadores. Por populares, conta Vilpert, o local mais visitado é das irmãs Rosemary e Jane Koerich, filhas do empresário Antonio Koerich, vítimas do acidente com o vôo 303 da Transbrasil, que se chocou com o Morro da Virgínia, em Ratones, em 12 de abril de 1980.

De todos os enterros que fez, Vilpert carrega na carteira a lembrança daquele de Frei Junípero Augusto Beier. O papel com a data do nascimento e falecimento do frade fransciscano, 8 de dezembro de 1914 a 16 de junho de 2006, traz a frase “A vida dos justos está nas mãos de Deus”.

 

SERVIÇO

Cemitério São Francisco de Assis

Fundado em 17 de novembro de 1925, é o maior cemitério de Santa Catarina, com 98 mil metros quadrados, 35 mil jazigos e mais de 75 mil pessoas sepultadas.

 

  • Abertura 7h
  • Fechamento do portão 17h
  • Dia de Finados abertura 7h e fechamento 19h

 

 

Atendimento Administração

segunda a sexta 8h às 12h e 13h às 17h

final de semana e feriado 8h às 12h e 13h às 16h

(48) 3238 9175

cemitérios@pmf.sc.gov.br


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