Secretaria Municipal de Limpeza e Manutenção Urbana

14/12/2023 - Limpeza pública
Trinta reeducandos da Penitenciária vão colaborar com limpeza pública
Projeto Reconstruindo Vidas começa com cinco pessoas do regime semi-aberto na limpeza do Cemitério do Itacorubi

foto/divulgação: Adriana Baldissarelli/Divulgação Comcap/SMLMU

Reeducandos do sistema prisional ajudam na limpeza pública em Floripa

Prefeitura de Florianópolis ativou nesta quinta-feira (14) o projeto Reconstruindo Vidas para parceria laboral com a Penitenciária de Florianópolis. Pelo menos 30 reeducandos vão colaborar com a limpeza pública da Capital, por meio de termo de cooperação assinado com a Secretaria Municipal de Limpeza e Manutenção Urbana e Comcap.

 

Os cinco primeiros reeducandos vão atuar em projeto piloto no Cemitério Municipal São Francisco de Assis, no Itacorubi, informa o secretário municipal de Limpeza e Manutenção Urbana, João da Luz. Outros 25, pelo menos, integrarão o contingente de trabalhadores de limpeza pública assim que obtiverem autorização judicial. 

 

Reinserção social

De acordo com Júlio Queiroz, coordenador laboral da Penitenciária de Florianópolis, esse termo de cooperação poderá absorver praticamente todos os reeducandos do regime semi-aberto. Hoje, destaca ele, dos 1,5 mil internos da Penitenciária de Florianópolis menos de 10% estão trabalhando pela falta de oportunidade de emprego.

 

“Essa parceria é superbacana porque, no geral da Penitenciária, aumenta entre 3% e 4% o quantitativo de reeducandos em serviço e praticamente 100% daqueles em regime semi-aberto, ajudando-os a voltar à vida normal, a trabalhar”, estima o coordenador.

 

Ajuda à cidade

De acordo com o diretor de Limpeza Pública, Oscar Vasques Filho, o termo de cooperação com a Penitenciária ajuda o município a superar a falta de efetivo em limpeza pública, especialmente na temporada, quando o mato cresce mais rápido, aumentam os vetores de doenças e as demandas de praias.  O piloto começará pelos cemitérios municipais e deverá ser estendido para os roteiros de limpeza de vias e de orla.

 

Os reeducandos, observa o assessor do gabinete da SMLMU Patrick Coelho, estão em fase avançada de ressocialização. Já vivem sem restrição de liberdade e vão cumprir jornada de trabalho de oito horas por dia.  Em troca, alcançam remissão de pena de um dia a cada três trabalhados e remuneração de R$ 1,3 mil por mês.

 

A diretora Administrativo Financeira da Autarquia Comcap, Victoria Araujo, informou que estão sendo providenciados uniformes na cor azul marinho e fornecidos equipamentos de proteção individual (EPIs) e ferramentas para a equipe. Os uniformes, aliás, serão fabricados dentro da Penitenciária.

 

Meta é a liberdade

Na manhã desta quinta-feira, quando os cinco reeducandos caminharam da Penitenciária ao Cemitério São Francisco, um deles não cansava de olhar, tudo e todos. “Estava há 10 meses trancado, fiquei emocionado. Parece até maluco, ver monte de gente nova, tudo novo, tantas cores, lá dentro só se vê verde, não tem outra cor”, contou o morador de Biguaçu, em referência ao uniforme verde usado pelos detentos.

 

“O trabalho é muito importante para ressocializar, sair pra rua, ter nova expectativa e já se acostumar com esse novo vínculo e experiência social”, disse o outro, estudante de Nutrição, que se prepara para finalizar a pena em dois meses, quando finalmente poderá recuperar a rotina com a filhinha de quase quatro anos.

 

 

“É uma mudança de vida, sair do fechado para a liberdade, mudar a vida trabalhando”, comentou o terceiro. Ele aposta que com essa oportunidade, vão surgir mais vagas. “Vamos fazer um trabalho certo porque a nossa meta é a liberdade, é voltar para a sociedade.”  Este já saiu quatro vezes durante o ano para conseguir um serviço, mas quando revela que precisa de carta de emprego porque está privado de liberdade, a ligação de retorno nunca chega. “De repente, a gente trabalha bem e já fica empregado”, animou-se.

 

Mais chances

Com base em projeto bem sucedido no Continente com 15 reeducandos em limpeza pública, a Prefeitura de Florianópolis estabeleceu esse novo termo com a Secretaria de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa.

 

De acordo com Júlio Queiroz, a Penitenciária de Florianópolis chegou a estabelecer cooperação anterior com a prefeitura, mas foi interrompido pela pandemia.


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