19/02/2016 - Consumidor
Todo sábado tem novidade na Feira de Orgânicos

Travesseiros de chás e minhocários ampliam oferta de produtos na Feira Viva a Cidade, no Largo da Alfândega

foto/divulgação: Daiana Bastezini

Feira de Orgânicos Viva a Cidade

Com a participação de Nathalia Bezerra Agra e André Lange Schimitz, a Feira de Orgânicos Viva a Cidade passa a oferecer, neste sábado, novas opções de pães e bolos orgânicos e a novidade dos travesseiros de chás orgânicos. André Lange representa a empresa Trisãmya, de Rancho Queimado, que mantém uma produção bastante diversificada baseada em extrativismo no sistema de agrofloresta.

 

Desde sábado passado, além dos vegetais orgânicos certificados e dos processados das Agreco, a feira agregou a venda de minhocários para compostagem doméstica de resíduos orgânicos.

 

Está no espírito da feira sempre ter novidades, aponta o presidente da Comcap, Marius Bagnati. Segundo ele, Sandro Tasqueto, feirante que já comercializa frutas vermelhas in natura e congeladas, foi incentivado a trazer também o melato e Alceu Medeiros, da Brotei, que apoia a iniciativa desde o início, a providenciar a venda das vermicomposteiras para quem desejar começar ou melhorar sua horta caseira.

O melato, mel à base de bracatinga feito exclusivamente em Santa Catarina que é disputadíssimo pelos alemães, ainda está em processo de inspeção para a venda, por se tratar de produto de origem animal.

 

Iphan aprova uso da área ao lado da Alfândega aos sábados

 

O presidente da Comcap, Marius Bagnati, e o diretor de Negócios da CDL, Hélio Leite, estiveram na Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na manhã desta sexta e obtiveram a aprovação para que a Feira de Orgânicos ocupe a área lateral à Alfândega. As barracas foram deslocadas em razão do canteiro de obras da cobertura do Mercado Público.

 

“A Feira de Orgânicos é um resgate da produção da região, do fazer na agricultura familiar, dessa forma pode ser entendida como um bem cultural”, comenta Bagnati sobre o entendimento e sensibilidade dos técnicos do Iphan.

 

Além dessa conquista, informa, a Feira de Orgânicos Viva a Cidade desenvolve parceria com o box Quitanda do Paladar.  Durante a feira, os clientes demonstram interesse em ter possibilidade de compra em outros dias da semana. “Temos recomendado que nos demais dias façam suas compras na Quitanda do Paladar, porque os próprios feirantes, produtores certificados, são fornecedores desse box”, afirma o presidente. A Quitanda do Paladar está instalada no Box 15 da Ala Sul.

 

ENTREVISTA


Visitação às propriedades dos feirantes


Interessado em garantir que a população realmente faça o consumo de produtos sem agrotóxicos e, independentemente da certificação do Ministério da Agricultura que detém os feirantes do Viva a Cidade,  Bagnati iniciou a visitação às propriedades agrícolas. Já havia tido a oportunidade de visitar, no Alto Ribeirão, em Florianópolis, uma propriedade que está em processo de certificação, mas já aplica todos os princípios da agroecologia. Isso quer dizer que não só está produzindo sem o uso de agrotóxicos, mas também faz a conservação do solo e da água e mantém relações de trabalho justas. Essa propriedade ainda está em processo de certificação junto com outras oito em Ratones. Assim que estiverem certificadas passarão a fazer parte da Feira de Orgânicos Viva a Cidade. No último final de semana, Bagnati subiu a Serra para conhecer a propriedade de Sandro Tasqueto em Urubici.


Como foi a experiência? Como é a propriedade de Sandro?


Ele é um produtor que trabalha principalmente com frutas vermelhas, amora, mirtilo, morango, isso há 10 anos. Comercializa em várias cidades, desde Joinville até aqui em Florianópolis. É uma propriedade belíssima às margens do Rio Canoas, na qual trabalham cinco famílias. A produção orgânica tem essa característica, de famílias vivendo unidas na mesma atividade.

 

Tive oportunidade de conhecer lá o melato, mel produzido a partir da bracatinga. No Brasil, só em Santa Catarina existe esse tipo de mel. O Sandro contou que praticamente toda a produção catarinense de melato vai para a Alemanha. Santa Catarina já era exportadora de mel e um balde de melato, por engano, fez parte de uma remessa. Os alemães resolveram pegar esse produto e analisá-lo. Descobriram que o melato tem características completamente diferentes do mel que estamos acostumados a comer. Tem 35% a menos de açúcar, mais magnésio e uma série de propriedades superiores ao mel comum. Os alemães passaram a importar o melato e hoje o Sandro talvez seja o único produtor que se nega a exportá-lo porque acha que o produto tem de ficar no Brasil para beneficiar a população local. O melato é produzido a partir da cochonilha que suga a seiva da bracatinga e, depois de digerida a seiva, produz uma gotícula que fica pendurada por um fio, como se fosse uma teia de aranha. A abelha pega essa gotícula e com ela produz o melato. O sabor é um pouco mais forte que o mel convencional. Esse mel é comercializado lá na propriedade e, agora, ele vai trazer para a feira.

 

Vamos descobrindo que, dependendo da região, temos diferentes produtos de alta qualidade aqui em Santa Catarina. A nossa população, via de regra, tem dificuldade de acesso a eles. A Feira de Orgânicos Viva a Cidade tem esse objetivo, de aproximar o produtor do consumidor, beneficiando tanto o produtor a ter um valor um pouco maior na comercialização e o consumidor a pagar um preço menor do que em geral consegue no mercado, além da qualidade do produto na venda direta. O que temos observado é que os produtos orgânicos estão mais baratos na Feira Viva a Cidade do que nos supermercados.

 

É uma nova etapa da feira?


Estamos começando nova etapa com a reformulação das bancas, um maior número de feirantes, as bancas serão maiores com maior proteção contra a incidência do sol. Estamos num novo processo. Já tivemos um avanço com a transferência da feira do Terminal Cidade de Florianópolis para o Largo da Alfândega, a  movimentação de pessoas ali é maior e isso propicia que os feirantes consigam vender maior quantidade de produtos. Temos mensalmente uma reunião com todos os produtores, na última tivemos uma notícia muito interessante. Os produtores de Biguaçu que são em torno de oito, disseram que hoje a Feira Viva a Cidade viabiliza a produção dessas famílias em Biguaçu.

 

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Como é a feira

A feira de produtos orgânicos (livres de defensivos agrícolas e cultivados com responsabilidade social e ambiental), ocorre todos os sábados, das 7h às 13 horas, no Largo da Alfândega, centro de Florianópolis.


É uma ação da Prefeitura de Florianópolis, por meio da Secretaria Executiva de Serviços Públicos (SESP) e Comcap, em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Florianópolis, Ministério da Pecuária e Abastecimento (Mapa) e organizações privadas, como a Procomposto e a Brotei, e colaborativas que trabalham com recuperação de resíduos orgânicos e com produção e comercialização de produtos agroecológicos.


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