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Farra do Boi

A FARRA DO BOI é um evento típico do litoral do estado brasileiro de Santa Catarina, que consiste em soltar um bovino em um terreno ou rua e assim "farrear" fazendo o animal correr atrás das pessoas que participam, sendo assim por percorrer distancias e fugir, o animal fica exausto. Após a brincadeira o animal é devolvido aos pastos e abatido ou usado novamente para a Farra. As vezes são sacrificados dias após a ''brincadeira'', sendo assim a carne é dividida entre os participantes que ajudaram a custear a compra do animal. A prática é considerada ilegal no Brasil desde 1998, mas ainda acontece.

Os adeptos da prática a justificam como cultura, enquanto grupos defensores dos direitos dos animais a consideram cruel e degradante, ou seja, TORTURA.

 

HISTÓRIA

 

A farra do boi teria sido trazida ao Brasil por imigrantes açorianos entre 1748 e 1756. Originalmente, o boi era engordado, fazia-se a farra, e em seguida o animal era sacrificado para servir de alimento. Com o passar do tempo, a prática se modificou. Em sua versão moderna, o boi é levado ao local escolhido pelos farristas e solto, momento a partir do qual inicia-se a perseguição e as agressões – com mãos e pés, ou pedaços de madeira – até que o animal fique exausto e não consiga mais se levantar. Aí a farra acaba e o boi é abandonado. Geralmente, devido à gravidade dos ferimentos, o boi tem que ser sacrificado após ser encontrado pelas autoridades.

 

O significado do ritual é ainda desconhecido, sendo atribuído a ele por alguns uma conotação simbólica-religiosa referente à Paixão de Cristo, onde o boi faria o papel de Judas; outros entendem que o animal simboliza Satanás e através da tortura do Satanás as pessoas se livrariam de seus pecados.

 

Desde as últimas décadas, a farra do boi ocorre com frequência no litoral de Santa Catarina, em cerca de trinta comunidades, geralmente de pescadores, notavelmente no município de Florianópolis, Porto Belo, Bombinhas, Governador Celso Ramos.  Fonte: ACAPRA

 

COMBATE À PRATICA

 

A partir dos anos 80, a farra do boi começou a ser muito combatida por grupos de ativistas e que passaram a fazer intensa campanha contra esse evento arcaico e por considerá-lo cruel com o animal.

 

Após muito debate e pressão por parte da sociedade organizada através de entidades de proteção e defesa dos animais, como a ACAPRA – Associação Catarinenses de Proteção Animal ingressaram com uma ação.

 

Então, o Supremo Tribunal Federal, em 3 de junho de 1997, através do Recurso Extraordinário número 153.531-8/SC; RT 753/101, proibiu a prática em território catarinense por força de acórdão, no julgamento da Ação Civil Pública de nº 023.89.030082-0. Segundo interpretação do STF, a farra do boi é intrinsecamente cruel e por isso é qualificada como crime.

 

Em 1998, foi aprovada a Lei de Crimes Ambientais, que passou a punir com até um ano de prisão quem pratica, colabora, ou no caso das autoridades, omite-se em impedir atos de crueldade contra animais.

 

Com a proibição começaram muitas campanhas de conscientização por parte de diversas entidades de proteção aos animais, de cunho local, regional, nacional ou mesmo internacional. As campanhas geraram entrevistas e debates na mídia, encontros com as autoridades e encenações teatrais, com mensagens que disseminavam a ideia de que a crueldade contra os animais é inaceitável, em qualquer outra época do ano. Houve grande apoio da mídia local, inclusive com o registro da prática.

 

Ainda assim, a fiscalização e repressão ao ato e seus participantes é considerada insuficiente por todas as entidades envolvidas nos esforços de erradicação da farra. Essas entidades acreditam que interesses político-eleitoreiros sejam a causa da perpetuação da infração da Lei Federal 9605/98, que prevê pena de multa e detenção para quem maltrata animais.

 

Em 2017 ativistas conseguiram resgatar um boi da farra e não permitir judicialmente o seu abate, porém a CIDASC - Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina conseguiu uma liminar junto ao TJSC para reaver o animal e abate-lo sob a alegação que não possuía brinco de identificação, ou seja, origem não era sabida e se o animal possuía as vacinas ou não. Portanto, o CIDASC justifica que o abate do animal de forma sumaria, é pelo perigo de comprometer a saúde pública e a economia do Estado de Santa Catarina. Sendo que o estado de Santa Catarina é livre de doenças, e um animal “doente” pode comprometer a economia do Estado, sendo que somos uma potência na exportação da carne.

 

Diante da repercussão nas mídias sociais do animal resgatado em 2017 e após ter sido abatido. Os bovinos usados na Farra de 2017/2018 em Florianópolis foram resgatados pela Policia Militar, ACAPRA e a Diretoria de Bem-Estar Animal de Florianópolis. Onde a Prefeitura de Florianópolis realizou um convenio com a ACAPRA para repasse de recursos para cuidar dos animais.

 

Durante o ano de 2018 a ACAPRA juntamente com a Prefeitura de Florianópolis início uma saga para regularizar os 8 (oito) bovinos, para assim encaminha-los para adoção.

 

Diante da falta de posicionamento da CIDASC e da Secretaria do Estado da Agriculta e Pesca. O Prefeito Gean Loureiro protocolou um ofício de junto ao Governado do Estado solicitando sua interferência. Porém em janeiro de 2019, a sociedade Florianópolis e os ativistas tiveram uma grande surpresa. O CIDASC adentrou na propriedade da ACAPRA e recolheu os bovinos para abate, sem que a Prefeitura e entidade tenha sido notificada. Causando uma grande revolta e decepção.

 

Mesmo assim, em 24 de novembro de 2019 o Prefeito Gean Loureiro reuniu-se representantes do Governo do Estado e entidade de proteção animal para que a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC) afim de esclarecer os motivos do abate dos oito bovinos resgatados da Farra do boi em 2018 e um bezerro que nasceu enquanto estavam sob a tutela da Associação Catarinense de Proteção Animal (ACAPRA) e Prefeitura da Capital.  A reunião também ocorreu para alinhar as futuras ações de combate à Farra do Boi. 

 

Na época o secretário da Agricultura e Pesca, Ricardo Gouveia, e os veterinários da CIDASC, Luis Alberto Faria e Priscila Maciel não reconheceram as medidas protetivas dos bois vítimas da Farra, sinalizadas pelo secretário da pasta à época, Airton Spies, e pelo Diretor da Defesa Sanitária Animal, Dr. Marcos Vinícius. E ainda afirmaram que o governo não despachou para a CIDASC o ofício encaminhado pela prefeitura em dezembro, que relata os acordos firmados entre as entidades. “Houve um problema de comunicação. Se o técnico afirmou que havia a possibilidade de regulamentação destes bois, este técnico está redondamente enganado e será chamado à atenção. Animais sem brinco e sem origem, devem sempre ser abatidos”, afirmou o secretário, que em seguida comentou que seu antecessor jamais poderia ter feito tal sugestão, se conhecesse a pasta.

 

Diante do impasse da CIDASC não permitir o tratamento e adoção dos animais. A Prefeitura de Florianópolis não resgata mais bovinos, se não tiver o direito de tratar e encaminhar para adoção.  Sendo assim fica a responsabilidade da CIDASC em recolher os animais sob a alegação da Companhia.

 

Porém a luta contra a Farra do Boi não parou. Em 2019 o Prefeito Gean Loureiro foi publicamente em suas redes sociais declarar guerra contra a Farra do Boi e pela primeira fez um Prefeito e uma Prefeitura lançam uma campanha contra a Farra do Boi, momento histórico e uma grande conquista para os ativistas da causa animal.

 

Em março de 2019, Prefeitura se alia aos protetores contra a farra do boi com o slogam Farra do Boi é Tortura, a campanha visou despertar às pessoas que a pratica é ilegal, devido ao sofrimento causado ao animal.

 

A Prefeitura de Florianópolis lançou uma série de ações de comunicação para conscientizar a população da Capital Catarinense sobre os malefícios da farra do boi. Além de intervenções artísticas em pontos da cidade, como faixas de segurança, outdoor, busdor, e numa faixa na entrada da Ilha de Santa Catarina, o município também planeja ações de repressão para quem insiste em cometer o crime da farra do boi.

 

Para o prefeito da cidade, Gean Loureiro, não é aceitável que a capital catarinense ainda produza episódios de maus tratos a animais. “Florianópolis é, hoje, referência no cuidado com animais, com diversas ações que estamos desenvolvendo. Mas precisamos erradicar de vez uma prática antiga que infelizmente é confundida com cultura”, disse o prefeito.

 

A Campanha foi reconhecida nacionalmente, tanto que a ativista Luisa Mell, divulgou um vídeo em apoio à campanha à prefeitura de Florianópolis contra a farra do boi. Ela ainda publicou vídeos do prefeito Gean Loureiro sobre com combate à prática criminosa.

 

A luta contra a crueldade não para, a população de Florianópolis deve entender e apoiar as autoridades no combate a essa pratica cruel e arcaica. Como? Denunciando, somente com as denúncias é que a autoridades podem chegar até os criminosos.

 

Portanto, denuncie discando para o 190 da Policia Militar.  FIQUE ATENTO AS DICAS:

 

  • Se você ouvir um grupo de pessoas que esteja organizando uma Farra.
  • Um caminhão transportando bovinos.
  • Algum terreno sendo preparado para organizar a farra, conhecidos como “Mangueirões”.
  • Pessoas caminhando com algum bovino. As Farras normalmente acontecem durante a noite, mas podem acontecer durante o dia.
  • A Farra do Boi acontece entre os meses de novembro a maio, com mais frequência no período da quaresma e no dia da pascoa. Porém, para esses farristas psicopatas não há mais período de farra que vem acontecendo no dia das mães e no dia dos pais.
  • Redes sociais de pessoas fazendo apologia ao crime de maus-tratos contra animais.


Para mais informações entre em contato conosco pelo fone: (48) 3237-6890 / (48) 3234-5677 ou e-mail: dibea.sms@pmf.sc.gov.br ou coobea.pmf@gmail.com - Diretoria de Bem-Estar Animal

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