Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano

15/08/2015 - Consumidor
Feira de orgânicos veio para ficar, diz prefeito
Para os feirantes, sucesso foi além do esperado

foto/divulgação: Petra Mafalda/Secom/PMF

Feira de Orgânicos Viva a Cidade no Centro de Florianópolis

O sucesso da Feira de Orgânicos Viva a Cidade foi garantido já na primeira edição neste sábado (15). No Terminal Cidade de Florianópolis, foram comercializados com preço direto do produtor mais de 3 mil maços de folhosas e temperos, 250 quilos de banana e caixas de aipim e cenoura, só para dar alguns exemplos. Para o prefeito Cesar Souza Junior,  “a iniciativa, sem dúvida alguma, foi exitosa e veio para ficar”.

 

A feira vai permanecer e a cidade, indicou o prefeito, ganhou mais uma opção no Centro. Ele lembrou que a ocupação já havia sido bem sucedida com a feira temporária de pescado, durante a restauração do Mercado Público. “É um espaço onde não poderíamos voltar a colocar ônibus. Nossa opção foi pela feira de orgânicos, que hoje é uma grande tendência, para atender à demanda, fazendo um link direto com o produtor.”

 

O abastecimento com produtos orgânicos será mais uma vocação dessa região ao Leste da Praça XV. A cidade já ganhou prêmios como cidade ativa e apresenta índices de obesidade inferiores à média do Brasil. “Florianópolis tem uma cultura bem desenvolvida em termos de alimentação saudável e oferecer espaços como esse, na região central, para que o produtor possa vender diretamente à população, era o que estava faltando. O sucesso da feira mostrou que havia muita demanda para isso”, resumiu Cesar Souza Junior.

 

Bem acima do esperado


Para os feirantes, o desempenho foi bem acima do esperado. “Daqui pra frente é voar alto, o caminho é esse”, avaliou Anderson Romão. Ele produz, assim com Aldir Carpes Marques Filho, em Três Riachos, Biguaçu. Junto a Gidean de Souza, da localidade de São Mateus, e Luciano Zanghelini, do Alto Biguaçu, ofereceram o excedente de produção de nove produtores de orgânicos. O coletivo já atende demandas de supermercados e da merenda orgânica no município de Biguaçu, mas não participava de nenhuma feira até então.

 

“A receptividade do público foi muito boa, todo mundo gostou e elogiou a feira, garantindo que vai ser um sucesso”, disse Zanghelini. A ocasião também foi boa para dar noção do que a clientela deseja. “Hoje, entrei meio despreparado, na próxima venho com maior diversidade de produtos, já deu para ter noção do que as pessoas querem e o clima está ajudando bastante”, planejou. Além de verduras, o grupo comercializou polpa de açaí, sal temperado, flores comestíveis e salada embalada.

 

Para Reguinald Melcher, o início do projeto foi um susto. “Esperava uma feirinha de apresentação, para reconhecer o espaço, e foi essa loucura, muito acima do que eu pensava”, contou. O produtor de São Bonifácio já faz a feira na UFSC e é parceiro do Box 721, o box de orgânicos do Ceasa. Para atender á demanda, o grupo de Melcher dobrou a quantidade de itens. “A primeira previsão foi superada de cara, fizemos outra viagem e vendemos tudo”, relatou.

 

Experiência valiosa

Glaico José Sell, da Dom Natural Orgânicos, concordou que a experiência foi bem acima da expectativa. Segundo ele, as pessoas diziam que só viam falar de orgânicos na televisão e estavam muito satisfeitas de poder adquirir produtos dessa qualidade. “As pessoas tiraram dúvidas se era orgânico mesmo se havia certificação. Isso é o mais bacana: não vieram apenas pra comprar, ou pela novidade, mas porque sabem que há critérios e regras a serem seguidas nessa feira”, observou.

 

Sell é filho de agricultor e há 19 anos participa da feirinha da Lagoa da Conceição. Nascido em São Bonifácio, hoje produz em Paulo Lopes. Segundo ele, por ser a primeira vez que o poder público estimula iniciativa como essa, foi uma “muito valiosa mesmo a experiência”.

 

Interesse do consumidor


O presidente da Comcap, Marius Bagnati, destacou a “união das capacidades de cada um e o esforço de todos”, mencionando os produtores rurais, a Cepagro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Comcap, a Secretaria Executiva de Serviços Públicos, a organização Nosso Lixo e a empresa Procomposto.

 

“O sucesso já foi garantido na primeira experiência. Daqui para a frente, a feira só tende a crescer. Tivemos uma cobertura muito boa da mídia, isso também ajuda”, disse, ao final da feira. A primeira surpresa, segundo ele, foram os mais de 63 mil acessos em três dias ao post sobre a feira na página de fãs da Comcap. “Isso mostra o interesse da população em ter uma alimentação saudável”.

 

Preço acessível na cadeia curta


Produto de qualidade a preço acessível, esse foi o destaque da feira para o secretário de Serviços Públicos, Aldo Lopes Martins. “A partir do momento em que a Prefeitura credencia esses produtores para a feira, encurta a cadeia de comercialização e oferece a oportunidade de essa economia ser repassada diretamente ao público consumidor”, analisou.

 

Na Grande Florianópolis, informou Charles Lamb, o Bagé, da Cepagro e da Rede Ecovida, há pelo menos 200 hectares em propriedades agroecológicas. A Rede Ecovida de agroecologia, explicou, se estende aos três estados do Sul e compreende 4,5 mil famílias organizadas em 30 núcleos. A Grande Florianópolis é uma dessas regiões e compreende hoje 120 famílias certificadas em processo participativo reconhecido pela legislação brasileira para os orgânicos.

 

Esse processo permite, segundo ele, não só a possibilidade das famílias comercializarem seus produtos, mas principalmente de preservar seus ambientes de produção no meio rural. Essas famílias conseguem mais saúde para si, já que deixam de mexer com agrotóxicos e adubos sintéticos, e também para os consumidores que passam a ter um alimento com origem rastreada e procedência certificada. “Ter um novo ponto de feira, um novo canal de comercialização, favorece muito a agricultura familiar que se desafia a produzir de forma diferenciada, como é no caso de produtos orgânicos”, disse.

 

O fiscal agropecuário federal Francisco Van de Casteele acompanhou a estreia da feira e registrou as manifestações do público para que a iniciativa fosse ampliada aos dias da semana. “Sempre é um ponto a mais para o consumidor ter acesso a um produto de maior qualidade com preço mais em conta. Sem dúvida, a feira contribui para o fortalecimento de toda essa cadeia do orgânico.”