Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes

30/08/2012 - Cultura
Morre na Capital o escritor Doralécio Soares
Apaixonado pela cultura popular, Doralécio Soares, dedicou parte da vida à pesquisa do folclore e à preservação da renda de bilro

foto/divulgação: Divulgação/Comissão Catarinense de Folclore

Doralécio Soares era presidente de honra da Comissão Catarinense de Folclore

A cultura catarinense está de luto. Faleceu às 17h30 desta quinta-feira (30), aos 97 anos, o escritor e folclorista Doralécio Soares, em decorrência de falência múltipla de órgãos. O jornalista pernambucano, que há mais de meio século residia em Florianópolis, nas últimas semanas estava em tratamento contra uma pneumonia. Morreu em casa, cercado por familiares, deixando a esposa, três filhas e quatro netos. O sepultamento deve ocorrer na sexta-feira (31), às 16h, no Cemitério Jardim da Paz, no bairro João Paulo.

 

Nascido na cidade do Recife (PE), em 23 de outubro de 1914, Doralécio Soares  iniciou seus estudos com Luís da Câmara Cascudo, um dos mais respeitados pesquisadores do folclore brasileiro. Aos 22 anos de idade, especialista em fotografia e tipografia, veio para Florianópolis ajudar na implantação da Escola de Aprendizes Artífices de Santa Catarina (atual Instituto Federal de Santa Catarina), atuando por duas décadas no ensino técnico e profissionalizante como professor de Artes Gráficas.

 

Rendas e rendeiras

 

Em 1948, quando foi criada a Comissão Catarinense de Folclore, Doralécio Soares foi eleito presidente e, ao deixar o cargo por problemas de saúde, foi eleito presidente de honra emérito. Folclorista, jornalista profissional, escritor, técnico em artes gráficas, e acima de tudo apaixonado pela cultura popular, dedicou parte de sua vida à pesquisa do artesanato catarinense, em especial da renda de bilro.

 

Na década de 1970 realizou pelo IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) um mapeamento para identificação das rendeiras do município e, a partir dessa pesquisa, publicou o livro “Rendas e Rendeiras da Ilha de Santa Catarina”, que até hoje é referência para pesquisas. Também criou a extinta Associação das Rendeiras em Florianópolis – a ASSORI – um sonho de ver essa tradição preservada e continuada. Em 2011, Doralécio Soares foi homenageado pela Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes na inauguração do Centro de Referência da Renda de Bilro de Florianópolis, o Casarão das Rendeiras.

 

Era dono de uma grandiosa coleção particular de rendas de bilro, com mais de 200 peças, atualmente sob a guarda do Museu Universitário Oswaldo Rodrigues Cabral (UFSC). Também possuía uma rica coleção de presépios natalinos, que se encontram no Museu do Presépio, no Bosque Vereador Pedro Medeiros, no Estreito. Foi também autor de vários livros sobre o folclore catarinense, entre eles, Aspectos do Folclore Catarinense (1970), Cadernos de Folclore 27 - Boi-de-mamão catarinense (1978), Folclore Brasileiro - Santa Catarina (1979), Schutzenvereins - Sociedade de Atiradores (1979), além de várias edições do Boletim da Comissão Catarinense de Folclore (publicados de 1970 a 2006).