Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes
Uma das histórias de amor mais conhecidas de todos os tempos, “Romeu e Julieta” perdura há quatro séculos como inesgotável objeto de estudo e admiração. Em meio a uma infinidade de teses, montagens, filmes e adaptações do original de Shakespeare (1564-1616), a ousadia de um espetáculo equilibrado entre o drama e a comédia chamou a atenção no disputado circuito londrino, e repetiu o sucesso de público e crítica no Brasil, com texto em português. O espetáculo R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida, da Sevenx Produções Artísticas (Rio de Janeiro/RJ) encerra o 19º Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo, neste sábado (29/09), às 20h, no Teatro Governador Pedro Ivo.
A montagem é a versão brasileira do texto que o autor americano Joe Calarco fez de “Shakespeare’s R&J” (no original), o grande destaque teatral de 1997. O espetáculo arrebatou a crítica e ganhou os mais importantes prêmios locais ao reencenar o clássico por meio de quatro alunos de um colégio interno na Inglaterra. No Brasil, a obra ganhou direção de João Fonseca e é encenada por João Gabriel Vasconcellos, Felipe Lima, Pablo Sanábio e Rodrigo Pandolfo, que se revezam entre todos os personagens da tragédia.
Romeu e Julieta na escola
O ponto de partida é inusitado: em uma escola católica extremamente conservadora, na década de 1980, quatro estudantes aproveitam o intervalo da tediosa aula para explorar “Romeu e Julieta” como uma fuga da repressão em que vivem, e com isso exploram suas próprias sexualidades. Eles começam a ler – e depois a “viver”, propriamente – todos os diálogos e emoções do clássico.
Sem trocas de roupas ou de cenário, a tragédia se desenrola basicamente por intermédio das atuações e do jogo cênico dinâmico proposto por Calarco, com a “peça dentro da peça”. O diretor ainda presta homenagem a conhecidas versões da história original, pontuando cenas com músicas e outras menções a “West Side Story”, aos filmes de Franco Zeffirelli e de Baz Luhrmann e à louvada montagem do Grupo Galpão e do diretor Antunes Filho.
Geraldo Carneiro fez a tradução para a montagem nacional, um texto composto em sua essência pelos versos originais de Shakespeare. O poeta tem no currículo elogiadas traduções de “A Tempestade”, “As You Like It”, “Antonio e Cleópatra” e uma série de sonetos shakespearianos que receberam, inclusive, o aval de Millôr Fernandes, decano da tradução brasileira.
“R & J de Shakespeare – Juventude Interrompida” é a terceira incursão de João Fonseca pelo bardo inglês. Em 2000, ele montou com sua companhia, Os Fodidos Privilegiados, duas peças do autor até então inéditas por aqui: “Tímon de Atenas” e “Troilo e Créssida”, em sua primeira direção sem a parceria com Antonio Abujamra, fundador do grupo. Foi por esta época que ele tomou conhecimento do texto de Calarco, assunto que retomou em uma conversa com Pablo Sanábio. Ao lado de Felipe Lima, Pablo – que, além dos trabalhos como ator, tem larga experiência no campo de produção – adquiriu os direitos do texto e vem batalhando pelo patrocínio.
Logo em seguida, Rodrigo Pandolfo se juntou à dupla no projeto. Apontado como uma das mais principais revelações do teatro carioca recente, Pandolfo já acumula duas indicações ao Prêmio Shell de Teatro na categoria ator, pelos espetáculos “Cine-Teatro Limite” e “O Despertar da Primavera” – este último rendeu ainda o troféu de melhor ator coadjuvante da Associação de Produtores Teatrais do Rio de Janeiro (APTR). Para completar o elenco, o grupo convidou João Gabriel Vasconcellos, que estreou no teatro com “Formas Breves”, de Bia Lessa, logo após protagonizar o polêmico longa “Do Começo ao Fim”, de Aluizio Abranches.
Diretor premiado
Ator e diretor, João Fonseca é formado pelo Centro de Pesquisas Teatrais de Antunes Filho, tendo trabalhado com diversos diretores, entre eles, Felipe Hirsch, Gabriel Villela, Jorge Takla, Marcus Alvisi, Paulo Autran, Paulo de Moraes e Antônio Abujamra, com quem iniciou sua carreira de diretor, codirigindo diversos trabalhos para a companhia Os Privilegiados, tais como: “O Casamento”, de Nelson Rodrigues, “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, e “A Resistível Ascensão de Arturo Ui”, de Bertolt Brecht.
Em 1999, assumiu a direção artística da companhia e dirigiu “Tudo no Timing”, de David Ives, “A Fonte dos Santos”, de J. M. Synge, e “As Bruxas de Salem”, de Arthur Miller. Seus últimos trabalhos foram “A Ratoeira”, de Agatha Christie, “Minha Mãe é uma Peça”, texto e interpretação de Paulo Gustavo, “Escravas do Amor”, de Nelson Rodrigues, “O Casamento do Pequeno Burguês”, de Bertolt Brecht, “O Carioca”, de Arthur Azevedo, “Édipo Unplugged”, de Sófocles, e outros.
Foi indicado ao Prêmio Shell como melhor diretor sete vezes, tendo recebido o troféu em 1997, com “O Casamento”. Também recebeu o Prêmio Ibeu 1999 de melhor diretor, por “Tudo no Timing”, e indicação ao Prêmio Eletrobrás 2006 como melhor diretor, por “Escravas do Amor”.
Ficha técnica
*Texto: Joe Calarco
*Tradução: Geraldo Carneiro
*Direção: João Fonseca
*Idealização: Felipe Lima e Pablo Sanábio
*Elenco: João Gabriel Vasconcellos, Rodrigo Pandolfo, Pablo Sanábio e Felipe Lima
*Cenário: Nello Marrese
*Figurino: Ruy Cortez
*Iluminação: Luiz Paulo Nenen
*Trilha sonora: João Bittencourt e André Aquino
*Direção de produção: Gustavo Nunes
*Classificação: adulto
*Gênero: drama
*Recomendação etária: 16 anos
*Duração: 90 minutos
Serviço
19º Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo / ENCERRAMENTO
Quando: sábado (29/09) – 20h
Espetáculo convidado “R&J de Shakespeare – Juventude
Interrompida”, da Sevenx Produções Artísticas (Rio de Janeiro/RJ)
Teatro Governador Pedro Ivo
Rodovia SC 401 – Km 5 / Saco Grande
(48) 3233-0170
Quanto: gratuito