Secretaria Municipal de Saúde
Suicídio é um fenômeno complexo que envolve múltiplas causas e que afeta, além de suas vítimas, familiares e amigos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é, atualmente, a segunda causa mais frequente de morte em pessoas com idade entre 15 a 29 anos. Estimativas apontam que a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo e que, para cada suicídio consumado, pelos menos dez tentativas são realizadas. Dados dessa magnitude sugerem que esse seja um tema prioritário para qualquer sociedade, afinal, além da frequência alarmante, é uma situação potencialmente evitável.
Infelizmente, o suicídio ainda é cercado por desconhecimento e medo. O preconceito associado é tão intenso que leva a atitudes condenatórias e restringe sua percepção a uma questão individual, dificultando uma abordagem mais ampla e que exige a participação não apenas dos diversos setores que já lidam, direta ou indiretamente com o problema, mas da sociedade como um todo.
A experiência acumulada em alguns países e estudos desenvolvidos nessa área apontam para a necessidade de constituição de uma ampla e articulada rede de prevenção, identificação, acompanhamento e vigilância das pessoas em situação de maior risco e vulnerabilidade para o suicídio, com a participação de profissionais da saúde, assistência social, educação, justiça, mídia e segurança pública, além de organizações não governamentais (ONGs), lideranças religiosas e comunitárias.
Em um esforço para ampliar a visibilidade sobre essa realidade e convocar a sociedade para enfrentar o preconceito sobre o tema, em 2013, a OMS estabeleceu a data de 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Mais recentemente, em 2015, como iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) deu-se início no Brasil à Campanha do Setembro Amarelo.
Situações de vulnerabilidade
Conforme a OMS, 90% dos casos de suicídio podem ser evitados através de ações de prevenção. Uma vez que não existe uma causa única ou isolada, o que se costuma atribuir como motivo, em geral, é a expressão final de um processo de crise vivido pelo indivíduo, que deseja livrar-se de um sofrimento para o qual não está encontrando saída. Antes de consumar o ato, o mais comum é que a pessoa já tenha demonstrado diversos sinais e que já tenha procurado ajuda para esse sofrimento. Estar atento a esse processo e lidar adequadamente com ele tem o potencial de gerar desfechos favoráveis.
Como identificar uma pessoa sob risco de suicídio
Existem indícios de que uma pessoa pode estar em maior risco para o suicídio. Alguns aspectos em sua história de vida e em seu comportamento podem ajudar a identificar quem precisa de maior atenção:
- História de tentativa de suicídio no passado;
- Diagnóstico de transtorno psiquiátrico, especialmente Depressão, Esquizofrenia ou uso abusivo de álcool ou drogas;
- História familiar de suicídio;
- Perda importante recente: morte, separação;
- Mudanças de comportamento recente: irritabilidade, tristeza, pessimismo, apatia;
- Mudanças dos hábitos alimentares e do sono;
- Sentimentos persistentes e exagerados de culpa, vergonha e incapacidade;
- Sentimentos persistentes de solidão, impotência, desesperança;
- Desejo súbito de concluir os afazeres pessoais, organizar documentos, escrever testamento, redigir cartas de despedida;
- Doença física grave e incapacitante;
- Menção repetida de vontade de sumir, desaparecer, morrer ou de matar-se.
No caso de crianças e adolescentes, cuja prevalência para o suicídio vem aumentando nas últimas décadas, também é importante estar atento para:
- Violência familiar;
- Dificuldades graves de integração e socialização;
- Bullying;
- Dificuldades em relação à identidade e orientação sexual;
- Situações de trabalho infantil.
É importante lembrar que esses fatores não são determinantes para o suicídio, mas podem interagir e contribuir para a sua ocorrência quando existe sofrimento intenso.
O que fazer quando se identifica alguém em risco:
Um dos mitos mais comuns sobre esse tema é o de que não se deve perguntar se a pessoa está pensando em se matar porque isso pode induzi-la ao suicídio. Pelo contrário, ao perceber sinais de que a pessoa está pensando em suicídio, o tema deve ser abordado abertamente, porém, com cautela e atitude de acolhimento. Proporcionar um espaço para falar sobre o sofrimento pelo qual a pessoa está passando, de forma respeitosa e compreensiva, favorece o vínculo, mostrando que nos importamos com ela e que outras saídas são possíveis.
Um dos recursos que podem ser utilizados é ligar gratuitamente, de telefone fixo ou celular, para o número 188 e acessar o Centro de Valorização da Vida (CVV). Também podem ser acessados serviços de saúde (Centros de Saúde, Centros de Atenção Psicossocial).
Em casos de tentativas de suicídio é importante que as pessoas sejam avaliadas em serviços que ofereçam suporte clínico de urgência (UPA e Emergências Hospitalares).
Algumas ações desenvolvidas pelo Município de Florianópolis
A compreensão de que ações isoladas e setorizadas produzem efeitos restritos no campo da Prevenção do Suicídio tem orientado a construção de um enfrentamento articulado envolvendo, prioritariamente, as Secretarias de Assistência Social, Educação e Saúde do Município. A campanha do Setembro Amarelo de 2019 é uma oportunidade de divulgar ações e serviços que visam oferecer à população mais e melhores possibilidades de orientação, cuidado e participação relacionados a esse tema:
- Parceria entre as Secretarias de Assistência Social (SEMAS), de Educação (SME) e de Saúde (SMS):
- Inauguração, em 04/09, do Centro de Avaliação, Reabilitação e Desenvolvimento da Aprendizagem (CeDRA), para estudantes de até 15 anos;
- Parceria entre as Secretarias de Educação (SME) e de Saúde (SMS):
- Lançamento, em 03/09, do projeto de Rodas de Conversa com as Famílias: Saúde Mental na Infância e Adolescência, que acontecerá nas escolas municipais, de setembro a novembro de 2019;
- Parceria entre as Secretarias de Assistência Social (SEMAS) e Saúde (SMS):
- Atividade de Educação Permanente com foco na Prevenção ao Suicídio para os trabalhadores de ambas Secretarias a ser realizado no dia 20/09, com turmas no período matutino e vespertino;
- Ações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS):
- Publicação de Nota Técnica sobre Prevenção de Suicídio para orientação dos trabalhadores da Rede Municipal de Saúde, prevista para o dia 09/09;
- Projeto de Estágio dos Pediatras da SMS no Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi), com início em 03/09;
- Audiência Pública na Câmara Municipal, em parceria com a Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental para discussão do Plano Municipal de Prevenção ao Suicídio, em 12/09, às 15h.
Dimensão local do fenômeno (Florianópolis):
1 - Tentativas de Suicídio
Em Florianópolis, 54% das tentativas de suicídio ocorrem na faixa etária de 20 a 39 anos, com predominância do sexo feminino (67% das ocorrências):
Gráfico referente a imagem 1 da galeria.
Em 45% das tentativas, praticamente a metade, o método utilizado é a ingestão abusiva e intencional de medicamentos.
Gráfico referente a imagem 2 da galeria.
Com relação ao local de residência, a maior incidência é de moradores do Centro, sendo praticamente a metade das tentativas.
Gráfico referente a imagem 3 da galeria.
2 - Mortalidade por Suicídio
Os suicídios consumados, diferentemente das tentativas, ocorrem numa frequência maior entre os homens e se concentram na faixa de 20 a 49 anos.
Gráfico referente a imagem 4 da galeria.
Com relação ao método utilizado, há diferença entre tentativas e suicídios consumados. Nas tentativas os métodos mais utilizados são o uso de venenos e a ingestão de medicamentos. Nos suicídios, o enforcamento é o mais frequente, predominando em ambos os sexos.
Gráfico referente a imagem 5 da galeria.